Crédito para armazéns ficará ocioso, diz Kepler Weber

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A verba de R$ 5 bilhões que o governo federal anunciou em junho para investimentos em armazenagem não deverá ser utilizada integralmente neste ano-safra, segundo o diretor vice-presidente da Kepler Weber, Olivier Colas. A utilização do crédito para armazenagem "não vai passar de R$ 600 milhões para R$ 5 bilhões em um ano. Isso é totalmente impossível", atesta.

Segundo o executivo, o agronegócio não tem projetos suficientes de investimento para absorver todo o volume de crédito disponibilizado pelo Plano Nacional de Armazenagem, anunciado junto com o Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014. "Não tem projeto hoje entre os produtores rurais e nas tradings para absorver tanto crédito de uma só vez", ressalta.

Anunciado em junho, o plano ainda não teve impacto sobre os resultados da Kepler Weber do segundo trimestre, mas Colas acredita que a empresa já começará a sentir uma demanda mais forte no segundo semestre, período em que tradicionalmente o mercado está mais aquecido para o setor de armazenagem.

Os R$ 5 bilhões integram um pacote de R$ 25 bilhões que o governo federal pretende disponibilizar para o mercado nos próximos cinco anos para zerar o déficit de armazenagem ideal, que hoje está em 72,4 milhões de toneladas.

Mas, mesmo sem o incentivo do pacote, as baixas taxas de juros oferecidas no plano agrícola anterior, de 2,5% ao ano até dezembro do ano passado, e de 3,5% ao ano em 2013, fizeram o lucro líquido da companhia disparar no segundo trimestre e alcançar R$ 8,7 milhões, ante R$ 600 mil nos mesmo período do ano passado. A variação anual foi de 1.450,6%.

No total do semestre, a Kepler Weber teve um lucro líquido de R$ 17,3 milhões, uma alta de 334,6% com relação ao primeiro semestre do ano passado. O resultado é recorde para a empresa.

Apenas as vendas da empesa mais do que dobraram de número entre o segundo trimestre de 2012 e este, e representaram para a companhia um ganho de R$ 240 mil no período. Colas afirmou que as mudanças nos preços dos produtos da companhia também garantiram à empresa um aumento no lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 19,9 milhões, uma diferença de 185% com relação ao mesmo período do ano passado.

Quebra de sazonalidade

O resultado positivo no primeiro semestre é uma novidade para a empresa. Antes do aumento da produção do milho de segunda safra, principalmente no Mato Grosso, os investimentos agrícolas, incluindo os gastos com armazéns, ficavam concentrados no segundo semestre, logo após o lançamento das condições de financiamento do setor pelos Planos Safra do governo. Com isso, as fabricantes de silos e armazéns registravam resultados positivos apenas na segunda metade do ano.

Porém, a recente inversão de volume de produção de milho no Brasil, com a safrinha superando a produção da primeira safra, tem garantido a capitalização dos produtores na primeira metade do ano, o que tem alimentado a demanda por infraestrutura de estocagem. "Se continuar desse jeito, independe do Plano Safra, teremos um primeiro semestre positivo nos anos seguintes e não teremos mais aquela história de trabalhar sete meses no vermelho e depois cinco meses recuperando as perdas."

Perspectivas

Para o segundo semestre, ele acredita que os resultados continuarão positivos, já que a carteira de pedidos somente em junho cresceu 80%. "Já podemos ter uma visão clara de que o terceiro e o quatro trimestres vão continuar num ritmo sustentado de volume de faturamento para a Kepler", assegurou o diretor durante teleconferência sobre os resultados da empresa.

Colas assegurou que a Kepler Weber tem condições de atender à demanda esperada até 2014, já que está com 58% de utilização de sua capacidade instalada, que é de processamento de 100 mil toneladas por ano. Segundo o executivo, a empresa vem atendendo a uma demanda que têm crescido de 12% a 13% ao ano desde 2010.

Ele ressaltou que, ainda para o segundo semestre, a Kepler Weber deverá começar a comercializar seu novo produto, um silo com capacidade para estocar 25,6 mil toneladas, após testes em uma propriedade no Mato Grosso. "Já está sendo discutido com cliente e já temos algumas demandas", sinalizou.

Colas afirmou ainda que, ao menos até dezembro - prazo em que deve se encerrar a vigência de juros a 3,5% ao ano - o setor crescerá numa proporção 2,5 vezes maior que o avanço da produção agrícola. Para 2014, ele observou que não é possível fazer um prognóstico para quais deverão ser as condições de contratação de crédito para o segmento. "O dinheiro do BNDES é do Tesouro. A pressão das ruas pode estar desviando a verba para medidas urbanas. Então, não sei se [a taxa de 3,5%] será renovada, mas aposto que continuarmos com taxas interessantes", afirmou. 



Veículo: DCI


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