A indústria de café solúvel prevê dificuldades no comércio exterior este ano, principalmente por causa da crise internacional. A exportação deve apresentar redução de 10% a 20% em relação ao ano passado, quando o setor embarcou cerca de 3,3 milhões de sacas de 60 quilos do produto.
A receita cambial deve acompanhar o desempenho em volume, podendo fechar o ano com faturamento de cerca de US$ 520 milhões, em comparação com US$ 570 milhões em 2008 (menos 9%). Estima-se que cerca de 90% da produção de café solúvel do Brasil tem como destino o mercado externo.
A avaliação é do diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Roberto Cézar Ferreira Paulo, que substitui o ex-diretor Mauro Malta, o qual se afastou da entidade no fim do ano passado por motivos particulares. O presidente da Abics, Sérgio Coimbra (Cia. Cacique), está temporariamente afastado. No seu lugar está Edivaldo Barrancos (Cia. Iguaçu).
Ferreira Paulo disse que a perspectiva para o setor piora à medida que o tempo passa, como reflexo do agravamento da crise mundial. "A indústria projetava no fim do ano passado uma redução de cerca de 10% no volume embarcado. Hoje a estimativa é de queda de 10% a 20%. A crise não se manifestou inteiramente em um mesmo momento e estamos acompanhando os problemas de crédito e câmbio nos países", ponderou.
Recessão - De acordo com Ferreira Paulo, o cenário é desfavorável porque a recessão tende a atingir fortemente os países mais fracos, com economias menos sólidas, mercados emergentes. "Alguns desses países prejudicados pela crise, infelizmente, são grandes importadores do solúvel nacional, como a Rússia, a Ucrânia, o Leste Europeu, de modo geral, além de outros, como Argentina e Chile", explicou o diretor.
Mesmo países consumidores tradicionais, como Estados Unidos e Reino Unido, também devem registrar algum recuo na demanda pelo produto. O diretor acrescenta que persiste sem solução a questão da sobretaxa de 9% para o solúvel brasileiro que entra na Europa "Trata-se de uma ação discriminatória, cuja solução está fora do nosso alcance, como entidade", observou.
Quanto ao mercado interno, Ferreira Paulo informou que o brasileiro médio não tem o hábito de tomar café solúvel. Segundo ele, uma iniciativa importante é o desenvolvimento de campanha para elevar o consumo de café, em geral, que tem dado bons resultados. "O solúvel acompanha essa melhora, embora de modo tímido", ressaltou. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG