Além do mercado altamente volátil, o cenário atual para o café é desfavorável devido aos preços baixos pagos pelo grão e que não são suficientes para cobrir os custos, especialmente para Minas Gerais que também cultiva o grão em regiões montanhosas, onde os custos de produção são mais elevados devido à necessidade da utilização de mão de obra intensiva.
Esse cenário exige, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, que as políticas sejam específicas e colocadas em prática em tempo hábil, o que não vem acontecendo atualmente.
"A agricultura tem tempos e prazos determinados, que precisam ser observados para que as medidas tenham eficácia. Vivemos, neste momento, uma crise de preços sem precedentes. Esse quadro tem se repetido, com maior ou menor intensidade, ao longo do tempo. Precisamos, portanto, de políticas anticíclicas". Nesse sentido, Simões defendeu a criação de uma agência que coordene e regule a cadeia do café.
Em relação à Organização Internacional do Café (OIC), Roberto Simões pediu maior rigor ao colegiado e transparência em relação aos levantamentos de dados da produção mundial de café.
"Desejamos que a OIC seja mais exigente com os países-membros, no sentido de garantir que sejam apresentadas estatísticas transparentes, assim como faz o Brasil, para que sejamos capazes de formular melhores políticas, que contemplem todos os membros", alertou.
Em relação às políticas para minimizar a crise que a cafeicultura enfrenta, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, acredita que as últimas medidas anunciadas pelo governo federal, como crédito exclusivo e os leilões, serão suficientes para controlar a oferta interna do café e alavancar os preços.
Crédito - "O governo federal lançou a política de comercialização para o café, onde serão disponibilizados, em forma de crédito, com juros de 5,5% ao ano, R$ 5,8 bilhões. Além disso, faremos três leilões de café, que serão nos dias 13, 20, 27 de setembro. Com os pregões semanais, serão retiradas do mercado cerca de 1 milhão de sacas de 60 quilos de café", ressaltou.
Outro mecanismo que irá auxiliar nas negociações do grão são as liberações de crédito do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que, segundo Antonio Andrade, já estão disponíveis para os cafeicultores.
"Para a safra serão destinados R$ 3,160 bilhões, recursos esses do Funcafé. Com todas essas ações, cerca de 13 milhões de sacas de 60 quilos de café serão retidas do mercado. Acredito que o controle da oferta vai aquecer os preços, que hoje estão aquém dos custos. Com essas injeções de recursos, os cafeicultores terão melhores condições de negociar a produção", avaliou Andrade.
Veículo: Diário do Comércio - MG