A queda na exportação de frutas não deverá favorecer o recuo dos preços no varejo. Representantes do setor afirmam que as frutas possuem oferta e demanda muito equilibrada e sensível às variações do mercado. Além disso, por serem produtos altamente perecíveis e não contarem com câmaras de resfriamento suficientes, fica difícil "especular" por meio do controle do volume negociado. A aposta é que o crescimento da economia brasileira consuma boa parte do volume que deixará de ser embarcado em 2009.
Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), afirma que o mercado doméstico é muito forte para a fruticultura. "O mercado interno deverá ficar mais aquecido em relação ao externo. A queda das frutas no varejo é provocada muito mais pelo recuo das commodities agrícolas", avalia. Ele acrescenta que o custo dos hortifrutícolas no Brasil é muito baixo, o que minimiza a tendência de queda brusca na demanda.
Segundo dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), as vendas domésticas cresceram em 2008. Os três itens mais vendidos em 2008 somaram 613 milhões de toneladas, volume 4,3% maior que em 2007. A receita desses produtos também cresceu 5,8%, para R$ 648 milhões.
Pierre Nicolas Peres, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçãs (Abpm), acredita que é possível destinar parte da produção ao mercado interno. "Tudo indica que o consumo de maçã no Brasil vai permanecer firme. O que o consumidor pode evitar é a compra de produtos com baixa qualidade", avalia.
Mesmo no mercado externo, Honda não acredita em grandes prejuízos. "A desvalorização do real deverá compensar o atual cenário e favorecer a continuidade da demanda externa". Para ele, a grande desvantagem dos produtores é não poder interromper a produção. "Não tem como parar de produzir para avaliar o mercado".
Veículo: Gazeta Mercantil