Os negócios estão doces para a Hershey Co.
A fabricante de doces dos Estados Unidos teve um crescimento de 18% no lucro do segundo trimestre ante o mesmo período de 2012 e elevou em 7% sua previsão de vendas líquidas para este ano. Ao mesmo tempo, as ações da Hershey subiram 30% este ano, mantendo sua trajetória ascendente desde a crise financeira.
Mesmo assim, analistas continuam se perguntando o que vai alimentar o crescimento futuro da empresa.
O diretor-presidente, John P. Bilbrey, reconhece que a Hersey começou tarde a sua expansão internacional. Mas diz que está se concentrando em mercados importantes como Brasil, China e México, oferecendo variedades especiais das suas marcas, uma nova linha de doces de leite na China e barras grandes de chocolate Hershey no Brasil.
A esperança, diz Bilbrey, é que até 2017 cerca de 25% do faturamento da fabricante venha dos seus negócios fora dos EUA e Canadá.
Bilbrey não quis dizer se a empresa vai aumentar o preço dos seus produtos. Mas o preço do cacau, um ingrediente essencial do chocolate, atingiu esta semana o nível mais alto em um ano devido às preocupações com a qualidade e a quantidade da próxima safra na África Ocidental, região que cultiva uns 70% da produção mundial.
Bilbrey, de 57 anos, tem mais de duas décadas de experiência trabalhando para o Groupe Da none, da França, e para a Procter & Gamble Co. Ele conversou recentemente com o The Wall Street Journal. Seguem trechos editados:
WSJ: O que há de novo no mundo dos doces?
Bilbrey: Uma embalagem chamada "da mão para a boca", que é diferente do consumo instantâneo. É uma embalagem conveniente. Pode ser fechada de novo depois de aberta e permite controlar o tamanho da porção. Não quero dizer que seja uma surpresa, mas ela superou nossas expectativas, embora eu considerasse nossas expectativas muito elevadas.
WSJ: Então vocês estão trabalhando em novos produtos nessa categoria?
Bilbrey: Muito.
WSJ: Como vocês lidam com as discussões sobre os supostos benefícios do chocolate para a saúde?
Bilbrey: Essa categoria [dos doces] não pertence ao grupo dos alimentos. Portanto, há um certo ceticismo quando você fala em benefícios. A ideia de que faz bem para a saúde não é a maior motivação [dos consumidores]. Continua sendo um prazer.
WSJ: A Hershey chegou atrasada aos mercados internacionais em relação a outras fabricantes de alimentos. Há alguma vantagem nisso?
Bilbrey: Estamos atrasados, mas estamos agindo de uma maneira muito elegante. O atraso nos permite ser muito ponderados e disciplinados quanto aos melhores mercados onde podemos estar. Aprendemos [com os erros dos concorrentes]. Passei metade da minha vida fora dos EUA ou administrando empresas americanas globais. Embora os produtos sejam diferentes, não precisamos inventar [para entrar nos mercados emergentes].
Os países mais atraentes do mundo, tanto em termos de crescimento do PIB como de desenvolvimento muito baixo da categoria, são países como Índia, China, México. Não faz sentido para nós ter prejuízo em 50 lugares.
WSJ: De que forma os produtos da Hershey diferem de um lugar para outro?
Bilbrey: Embora todos sejam chocolates, é como os temperos e as especiarias - é preciso que o produto seja diferente em lugares diferentes. Assim, nós realmente nos adaptamos às preferências locais de sabor e textura. O tamanho dos produtos e o peso dos produtos também podem mudar.
No Brasil, nós chamamos [os chocolates] de "barras gigantes" por uma boa razão. São tabletes. Se fôssemos oferecer isso na China, as pessoas ficariam muito constrangidas. Eles diriam: 'Meu Deus, isso é muito grande!'
WSJ: Será que os EUA continuarão sendo essenciais para o crescimento de vendas da Hershey?
Bilbrey: É [nosso objetivo] ter negócios realmente fortes, vibrantes e vencedores na América do Norte. Internamente, falamos em negócios "previsíveis, lucrativos e sustentáveis". É realmente o motor da nossa empresa. [Os EUA] são o maior e mais lucrativo mercado mundial de doces e confeitos. O fato de termos liderança neste mercado é, obviamente, um privilégio, e nos permite fazer muitas outras coisas.
WSJ: Como vocês planejam alcançar seu objetivo de vendas de US$ 10 bilhões?
Bilbrey: Se você considerar os planos que temos para o crescimento operacional enquanto empresa, eles nos levariam a US$ 9,3 bilhões. Somos muito ativos na avaliação de oportunidades para fusões e aquisições. De novo, nem todas [as firmas] estão à venda e, mesmo que estejam, às vezes comprá-las não faz sentido comercialmente. Se chegarmos a US$ 9,3 bilhões e a nossa estrutura financeira for exatamente como é hoje, eu ficaria perfeitamente feliz.
Veículo: Valor Econômico