Comércio virtual desiste de expansão a qualquer preço

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Para elevar rentabilidade, varejistas passam a cobrar frete e integram operação de lojas físicas e on-line

Empresas percebem que precisam ganhar clientes pela eficiência, e não com ofertas; setor cresce acima da média

O comércio eletrônico mantém uma forte expansão no Brasil ante a desaceleração do varejo tradicional, mas agora com uma nova tônica: a busca da rentabilidade em primeiro lugar.

Enquanto empresas como Máquina de Vendas e Ri Happy apostam na integração das lojas físicas e on-line, outras que se dedicam apenas à operação eletrônica, como a Netshoes, adotam a cobrança de frete para aumentar margens.

"Até dois anos e meio atrás, eu só ouvia uma palavra do controlador: venda. Mas isso mudou para me dê dinheiro'", diz o diretor de e-commerce da Máquina de Vendas, Marcelo Ribeiro. "Não há mais a possibilidade de vendermos com prejuízo."

Segunda maior varejista de eletroeletrônicos e móveis do Brasil, e dona de marcas como Ricardo Eletro e Insinuante, a empresa vem integrando os centros de distribuição utilizados pelas lojas físicas.

"Não posso desprezar 1.100 pontos de venda que temos no país", afirmou Ribeiro. Com a integração, não é mais necessário, por exemplo, enviar uma geladeira de São Paulo para uma cidade no Pará, ao custo de R$ 300. Agora o produto sai do próprio Estado a um custo de R$ 20.

A empresa de brinquedos Ri Happy segue o mesmo rumo. "Vivemos um momento de reintegração, com on-line e lojas físicas numa operação única", diz o diretor de e-commerce, Roberto Wajnsztok.

REPENSANDO O FRETE

As varejistas também vêm mudando a política de promoções para fretes. Ofertas de pagamento em prazos longos também estão caindo.

"Hoje também cobramos frete e diminuímos o parcelamento, que caiu de 9 para 5 vezes sem juros", diz Ribeiro.

Para Wajnsztok, a operação da Ri Happy visa "dar lucro o tempo todo". "Olhar o crescimento a qualquer preço é uma visão equivocada."

Essa mudança de postura reflete a percepção das empresas de que é preciso ganhar eficiência para conquistar os clientes, em vez de simplesmente cair na receita sedutora, porém perigosa, de alongar prazos de pagamento e baratear as entregas.

A varejista de calçados Netshoes também está fazendo a transição. Apesar de ter superado a marca de R$ 1 bilhão em faturamento em 2012, ela ainda apresenta prejuízo.

Para reverter esse quadro, a Netshoes adotou um sistema em que clientes com pressa para receber as encomendas pagam um valor maior pelo frete. "Consumíamos 16% da receita líquida com frete há dois anos. Agora passou para 6,5%", afirma o vice-presidente de planejamento da varejista de artigos esportivos, José Rogério Luiz.

As vendas on-line avançaram 24% no primeiro semestre na comparação anual, segundo a E-bit, empresa especializada no setor. No mesmo período, as vendas totais do varejo subiram apenas 3%.




Veículo: Folha de S. Paulo


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