O Wal-Mart pode realizar a sua maior aquisição na América do Sul hoje, quando expira o prazo da oferta pública de compra de ações que a varejista americana fez aos detentores dos papéis da rede Distribución y Servicio (D&S), a maior cadeia de supermercados do Chile. Avaliado em US$ 2,7 bilhões, o maior valor já pago pelo Wal-Mart numa aquisição de uma rede sul-americana, o negócio fortaleceria a multinacional americana em relação aos seus três maiores concorrentes na região, os grupos franceses Carrefour e Casino e a empresa chilena Cencosud.
O analista Antonio Cruz, do banco Santander, recomendou ontem aos investidores na bolsa chilena que aceitem a oferta do Wal-Mart. "Embora seja esperado que o Wal-Mart adicione valor às operações da D&S, acreditamos que o prêmio que está sendo pago certamente contempla essa criação de valor, que levará tempo para se materializar", afirmou Cruz.
O preço oferecido pelo Wal-Mart aos acionistas da D&S - que foi estabelecido em dólar - é de 40,8 centavos por ação, ou o equivalente a 254 pesos chilenos ontem. Para os ADRs, títulos emitidos nos EUA, o preço proposto é de US$ 24,48. O analista do Santander prevê uma cotação de US$ 25 para os ADR da D&S no fim de 2009, um valor próximo à oferta feita pela multinacional. Ontem, as ações da rede chilena fecharam a 246 pesos na bolsa de Santiago, em baixa de 6 pesos. O valor de mercado da companhia é de 1,6 trilhão de pesos, ou US$ 2,57 bilhões.
Caso seja bem-sucedido na aquisição, o Wal-Mart passará a controlar a maior cadeia de supermercados do Chile e irá acirrar a concorrência com o Cencosud, a segunda maior rede do país. A participação da D&S no varejo de alimentos chileno, que movimentou US$ 9,6 bilhões em 2007, foi de 32,6% e a do Cencosud, de 29,4%.
O Wal-Mart e o Cencosud já são fortes concorrentes na região Nordeste do Brasil, onde a varejista chilena comprou a rede GBarbosa, de Sergipe, em 2007, e a multinacional americana adquiriu o Bompreço, de Pernambuco, em 2004. No ano passado, as duas companhias disputaram a aquisição da Wong, maior varejista do Peru, negócio que foi vencido, em fevereiro de 2008, pela Cencosud.
A aquisição da D&S será o primeiro desafio de Doug McMillian, que assumiu há poucos dias a presidência da divisão internacional do Wal-Mart, área que hoje responde por um quarto das vendas do grupo americano, a maior varejista do mundo.
O Carrefour já tentou se estabelecer no Chile, com a construção de lojas próprias, mas, como não conseguiu uma participação expressiva de mercado, saiu do país há cerca de cinco anos. Segundo fontes do setor, os varejistas estrangeiros sempre enfrentaram dificuldades para entrar no Chile, onde o mercado já está consolidado nas mãos dos grandes grupos locais, diferentemente do Brasil, onde ainda há várias médias e pequenas redes de lojas.
Em vez de insistir em países onde possuía participações secundárias , o Carrefour decidiu dirigir o seu foco para mercados onde é líder. Na América Latina, o Brasil, Colômbia e Argentina passaram a ser prioritários para grupo francês, que também saiu do México, onde o Wal-Mart é o número um.
Veículo: Valor Econômico