Apesar de continuar com forte crescimento nas vendas, a Grendene teve seu resultado no terceiro trimestre prejudicado pela alta dos custos com matérias-primas e início das atividades de uma nova fábrica.

O lucro líquido da fabricante de calçados, dona de marcas como Melissa e Ipanema, subiu 2,2% no período, para R$ 122,1 milhões em relação a um ano antes.

A evolução do ganho final da empresa ocorreu em ritmo inferior ao da receita líquida, que cresceu 20,5%, para R$ 598,2 milhões, na mesma comparação.

Parte deste descompasso no trimestre já estava nos cálculos do diretor financeiro da companhia, Francisco Schmitt.

Desde o fim do segundo trimestre, o executivo alertava para a alta do preço da resina de PVC, uma das principais matérias-primas da Grendene no mercado internacional. Os preços da commodity, que também é bastante usada na construção civil, tem subido com a recuperação da economia americana.

Em moeda local, os preços da resina de PVC subiram ainda mais por causa da forte desvalorização do real no período.

Segundo Schmitt, o início das atividades de uma nova fábrica em Sobral (CE) também comprometeu a rentabilidade operacional da companhia no trimestre. "A unidade demora entre um e dois meses para alcançar o nível ideal de produtividade", disse o executivo.

Diante disso, os custos da Grendene avançaram 28,4%, fazendo a margem operacional recuar 2,4 pontos percentuais.

A companhia registrou um ganho financeiro líquido de R$ 28,5 milhões, alta de 1,4%.

Para Schmitt, o terceiro trimestre foi o mais conturbado do ano economicamente, mas o ânimo melhorou agora no quarto. "Houve um alívio. Com o dólar voltando a menos de R$ 2,20, o BC não precisa acelerar tanto a alta da taxa de juros e não há tanto temor quanto à inflação", afirmou.

Para ele, o dado concreto de que o ambiente de consumo melhorou foi o bom desempenho no Dias das Crianças. "Estamos satisfeitos."

A receita bruta da fabricante de calçados no mercado interno aumentou 12,6% no terceiro trimestre, para R$ 595,6 milhões, com avanço semelhante em volume.

No mercado externo, o aumento na receita foi de mais de 70%, para R$ 143,4 milhões, com alta de 24,3% na quantidade de pares vendidos.



Veículo: Valor Econômico