O fundador da Netshoes, Marcio Kumruian, acredita que a empresa vai atingir lucro líquido no próximo ano, quando acontece a Copa do Mundo. "Pelo nosso planejamento, atingiremos o 'break-even' em 2014 e a partir desse ano devemos manter [esse resultado positivo]
", disse ele ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, durante o evento CEO Summit, em São Paulo. A varejista on-line de artigos esportivos operava no prejuízo até 2012 e neste ano alcançou lucro em alguns meses.
"Para mim estão claras as fases que temos que pensar. Estamos cada vez mais perto do lucro. Este ano demos uma viradinha e ano que vem é ano de Copa, e achamos que emplacamos o lucro. Se você tem um plano e segue, o lucro vem", disse.
Kumruian ainda disse que uma abertura de capital da empresa no país está em discussão.
"Já temos parceria com um fundo, pode ter mais um fundo entrando. Então, nesse contexto, IPO [oferta inicial de ações, na sigla em inglês] é mais um degrau para dar longevidade. O IPO é possível e é uma das alternativas para melhorar estrutura de capital", disse. "Estamos analisando todas as possibilidade para sustentar nosso crescimento e não há decisão a respeito."
"O que eu quero, o que não abro mão é me manter à frente da empresa, na gestão", disse.
Em sua apresentação no evento, o empresário contou detalhes do início das operações da empresa - que foi fundada no ano 2000 como uma loja de sapatos em São Paulo - e comentou sua aversão a aparições públicas.
"Temos a possibilidade em pouco tempo de ser um caso mundial de um segmento do comércio liderado por um 'player' on-line", afirmou. "Fico recluso porque eu não queria aparecer, e eu acho que não deveria aparecer, prezo minha família e segurança é primordial", disse. "Tenho feitos mais palestras e isso faz parte de um plano de mostrar a Netshoes, ganhar mais credibilidade."
Segundo ele, a empresa conseguiu criar um novo modelo a partir do zero, que inexistia na época, com estoque compartilhado e um escritório que atendia tanto a venda on-line quanto as poucas lojas que o empresário tinha no início dos anos 2000.
"Nós não sabíamos nem como fazer a descrição do sapato. Tinhamos que colocar que era sapato amarrado, com cola? Não sabíamos. Fazíamos a venda compatilhada entre loja física e site no começo. Lembro de um caso em que vendemos o mesmo produto na loja e no site. Tivemos que fazer a cliente da loja desistir da compra", lembra.
Em 2006, a empresa decidiu se tornar uma varejista on-line de artigos esportivos. "Chega de sapato", dissemos na época. Em 2007, decidimos fechar as lojas físicas, e ficar com o administrativo e o centro de distribuição para o on-line. Fechamos e sabia que pareceria que íamos quebrar. Imagina naquele tempo dizendo que ia ficar só no on-line? Mas fizemos isso e deu tudo certo", disse
Segundo ele, até 2009 a empresa cresceu "com as próprias pernas", mas para o crescimento mais acelerado necessitava de mais capital. "Então, em 2009, escolhemos pela sociedade com o fundo Tiger, que deixaria a administração conosco e iria montar um 'network' muito favorável."
"Acredito piamente que demos certo porque, quando começamos, existiam poucas opções. Éramos os únicos até anos atrás. Isso ajudou." No ano passado, as vendas somaram cerca de R$ 710 milhões, mais de dez vezes o valor de cinco anos antes.
Veículo: Valor Econômico