Mais preparada para não repetir as falhas no abastecimento de lojas do Natal de 2012, a varejista de moda de Hering pode ter um quarto trimestre melhor do que o restante do ano. No terceiro, no entanto, os resultados da companhia ainda retrataram um consumidor com baixo apetite.
Frederico Oldani, diretor financeiro da Hering, disse que há alguns sinais de melhora na demanda, embora ele concorde que cenário de consumo permaneça "um pouco difícil" de modo geral.
A Hering reportou ontem lucro líquido de R$ 58,26 milhões no terceiro trimestre, um aumento de 6,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado da empresa ficou abaixo das expectativas de analistas ouvidos pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Na média, Bank of America Merrill Lych (BofA), Credit Suisse e Goldman Sachs projetavam alta de 18,8% no lucro líquido.
Na comparação anual, a receita líquida da Hering subiu 11,43%, para R$ 361 milhões, puxada pela lojas novas e vendas no canal atacadista.
Na rede Hering Store, as vendas "mesmas lojas" (critério que considera unidades abertas há pelo menos um ano) recuaram 2,4%, enquanto a maior parte dos analistas projetava estabilidade. Trata-se do terceiro trimestre consecutivo de queda no indicador na. "As vendas mostraram recuperação em julho, mas isso não se estendeu nos meses seguintes", afirmou Oldani.
Agora, a Hering está tentando se antecipar aos "headlines" positivos do cenário consumo, segundo Oldani. "A ideia é trabalhar para trazer os clientes de fim de ano o quanto antes às lojas", disse o executivo.
Oldani disse que o consumidor pode estar dando prioridade a outras categorias de produtos - como os da linha branca e marrom - estimulado pelo programa Minha Casa Melhor, do governo Federal. "Mas é difícil quantificar exatamente os impactos disso no setor [de moda]", afirmou o executivo.
No trimestre, a Hering conseguiu ampliar a sua margem bruta em um ponto percentual devido ao menor nível de liquidações em relação ao ano passado. Porém, por causa de despesas com provisionamento para plano de participação nos resultados, o ganho de rentabilidade não se estendeu à margem Ebitda. O indicador ficou estável, contrariando analistas que projetavam aumento entre 100 e 150 pontos base.
Para o executivo, as margens da companhia continuam sob pressão no curto prazo, por causa da inflação e do aumento dos custos com produtos importados.
Nas grandes redes de vestuário do país, os peças de fora do país chegam a superar 30% do portfólio das lojas e, mesmo com a dólar mais caro, as importações não cedem. As varejistas alegam que, em muitos casos, não existe substitutos de fabricação nacional.
Para minimizar os efeitos das oscilações do câmbio, a Hering fez uma operação de hedge cambial para se proteger até o inverno de 2014. Segundo Oldani, o dólar foi travado entre R$ 2,25 e R$ 2,30.
Veículo: Valor Econômico