Família Grendene troca créditos por capital na Vulcabras

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Duas capitalizações que somam R$ 350 milhões serão suficientes para deixar o patrimônio líquido da Vulcabras - hoje negativo em R$ 61 milhões - positivo em R$ 200 milhões.

 



Controladora da fabricante de calçados com quase 95% do capital, a família Grendene vai trocar créditos detidos contra a companhia por capital. Estes passivos, também chamados mútuos, são dinheiro emprestado pelos Grendene à Vulcabras para capital de giro.

Notas promissórias no valor de R$ 48 milhões, detidas por um fundo da própria família Grendene, também vão virar capital. Neste caso, contribuirão para aliviar os compromissos financeiros da companhia no curto prazo, que ao fim do terceiro trimestre somavam R$ 385 milhões, enquanto o caixa era de R$ 21,4 milhões.

Foram duas capitalizações neste formato realizadas pela empresa, dona de marcas como Olympikus e Azaleia, desde agosto. A primeira movimentou R$ 106 milhões; a segunda, anunciada nesta semana, envolve R$ 250 milhões. Minoritários poderão exercer seu direito de preferência, na proporção de 1,2 nova ação para cada papel.

Um ano atrás, a Vulcabras contratou a consultoria de Cláudio Galeazzi para fazer uma reestruturação operacional. Desde então, a companhia passou por várias mudanças na gestão. Primeiro saíram o presidente Milton Cardoso e o diretor financeiro Edivaldo Rogério de Brito. Pedro Grendene, maior acionista da empresa, acumulou as duas funções por alguns meses, mas em janeiro foi anunciado Vladimir Fortes dos Santos para o comando das finanças. Nesta semana, Santos renunciou à função e para seu lugar, o conselho de administração elegeu Luis Blecher.

No balanço da empresa do terceiro trimestre, salta aos olhos o corte de 42% nas despesas operacionais. Foi o que possibilitou à Vulcabras reverter o prejuízo operacional de R$ 17,64 milhões apurado no terceiro trimestre do ano passado e encerrar o período com lucro de R$ 24 milhões, apesar de um recuo de 15,4% na receita, para R$ 349,5 milhões.

O resultado final da companhia ainda é prejudicado pelas altas despesas com juros - a Vulcabras tem dívida total de quase R$ 900 milhões -, mas as perdas vêm sendo reduzidas.

No terceiro trimestre, a calçadista teve prejuízo líquido de R$ 6,2 milhões, oito vezes menor do que no mesmo período de 2012. "Esperamos que o último trimestre de 2013 apresente resultados melhores que o apurado nos anos anteriores", disse a companhia, em seu relatório de desempenho.

A Vulcabras começou 2011 valendo quase R$ 2 bilhões na bolsa de valores. Hoje, não chega à R$ 200 milhões. Com baixíssima liquidez, a empresa tinha ambição de ir para o Novo Mercado, segmento no qual está listada outra calçadista da família - a Grendene -, mas os planos não avançaram.

No ano de 2011, marcado pela invasão dos calçados asiáticos no mercado local, as vendas internas da Vulcabras encolheram rapidamente, levando a companhia a uma maratona de prejuízos que dura até agora. As sucessivas perdas no balanço e o aumento das dívidas foram reduzindo o patrimônio da empresa até que, neste ano, ele ficou negativo.

Na prática, isso significa que, se encerrasse suas atividades hoje, os ativos da Vulcabras seriam insuficientes para fazer frente aos seus passivos. Em muitos casos, essa situação resulta em pedido de falência ou recuperação judicial, principalmente se a empresa não consegue colocar logo a sua operação no azul.



Veículo: Valor Econômico


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