Santa Catarina pleiteia 1ª indicação geográfica

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Os produtores de uva de Urussanga querem incluir Santa Catarina no seleto grupo de Indicações Geográficas (IG) no Brasil. Para tanto, alegam que o município, localizado no sul do Estado, é o único do mundo a produzir vinho de mesa branco com a uva Goethe. 

 

Trazida ao país por imigrantes italianos no início do século passado, a uva foi desenvolvida na década de 1860 nos Estados Unidos e seria uma homenagem ao escritor alemão apreciador da bebida. "Ninguém mais tem essa uva no mundo", diz Renato Damian, presidente da Associação Pró-Goethe. 

 

Desde 2005, a associação realiza o levantamento histórico da uva na região, estudos de solo e climatologia necessários para entrar com o pedido de Indicação Geográfica no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Em três anos foram investidos R$ 600 mil, valor considerado baixo graças às parcerias com a Unidade Federal de Santa Catarina, com o Sebrae e com os organismos de pesquisa do Estado, Epagri e Fapesc. 

 

Os documentos foram protocolados no Inpi este mês. "Nossa expectativa é ter a indicação geográfica Vales da Uva Goethe até o fim do ano", diz Damian. "Seremos o primeiro em Santa Catarina a ter isso". Atualmente, o Vale dos Vinhedos, a Região do Cerrado Mineiro, de cafés, e a cachaça de Parati já são contempladas pelo título. 

 

A produção de Urussanga é pequena, com 60 hectares de parreirais que se transformam em 600 mil garrafas de vinho branco de mesa por ano. "Não queremos que seja uma coisa desenfreada, algo que fuja do nosso controle", diz Damian, 54 anos. 

 

Com 23 membros, a associação foi criada em 2005, quando produtores remanescentes da uva identificaram uma oportunidade de inserção no mercado com a Indicação Geográfica. Pelo lado econômico, diz Damian, o título agrega valor ao produto. Para o consumidor, é a garantia de procedência e qualidade. "Todos estão buscando a sua uva emblemática. Isso nos deu a idéia de ressurgir das cinzas", diz o produtor, referindo-se ao período de decadência da produção da Goethe, nos anos 60, substituída pelas cultivares Moscato e Niagara. "Ainda temos problemas com essa uva, mas apostamos nela. É um produto que só tem aqui". 

 

Os problemas concentram-se sobretudo na produtividade baixa - dez toneladas por hectare - e na característica da casca, muito fina e que se rompe com facilidade em tempos de chuva. Proprietário da Vitivinícola Urussanga, da marca "Casa del Nonno", Damian já chegou a perder 50% de sua produção por excesso de água, há seis anos. 

 

Para obter melhoramentos genéticos, os produtores de Urussanga contam com o apoio técnico da Universidade Federal de Santa Catarina e em parcerias com escolas italianas e francesas. "A Itália tem 400 indicações geográficas. O Brasil, quase nada", lamenta Damian. 

 

Veículo: Valor Econômico


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