Casas Bahia estreia na internet

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O comércio eletrônico já era considerado um canal de vendas irreversível para o grande varejo quando o empresário Michael Klein, há três anos, começou a traçar os primeiros planos para abrir o portal de vendas da Casas Bahia. A empresa foi considerada conservadora pelo mercado, visto a vagarosidade com que tocou o projeto. Afinal, dinheiro não faltava para um rápida estreia. O problema era que, para Klein, não bastava levar a Casas Bahia para a internet, a empresa tinha que levar também seus clientes junto, lê-se inclusive, os consumidores de menor poder aquisitivo.

 

A loja 5.000 (www.casasbahia.com.br) - número fictício que lembra um sonho ainda distante da rede, que, afinal, tem 535 unidades - entrou ontem no ar após investimentos de R$ 3,7 milhões, e uma estratégia meticulosa que começou com a venda de computadores a preços e condições de pagamento populares - só no ano passado, a rede vendeu 580 mil computadores, com prazos de pagamento até 24 vezes no cartão com juros, ou 20 vezes sem juros -, passando por uma das maiores migrações de carteira já realizadas no varejo brasileiro.

 

A meta, a migração de 4,5 milhões de clientes do banco de dados da empresa, iniciada em novembro de 2005, para o cartão private label da rede, em parceria com o banco Bradesco, foi alcançada em dezembro do ano passado. Em janeiro de 2009, a rede já contava com 5,7 milhões de cartões emitidos.

 

Faltava ainda resolver duas equações: como dar segurança a esses clientes e como levar o modelo de "dedicação total de atendimento" para dentro do computador. A questão da segurança, a empresa solucionou com uma parceria com a IBM, a fim de criar instrumentos que garantissem a inviolabilidade e a confidencialidade dos dados de cada transação. Além de parceiros como o Clear Sal, que checa informações transacionais no ambiente on-line; a Aúnica, responsável pela implementação do software Omniture, e a Atlas Solutions, plataforma de monitoramento e hospedagem de campanhas de mídia on-line.

 

Já o modelo de negociação forjado pelo fundador da empresa, Samuel Klein, com base no relacionamento próximo entre cliente e vendedor, deu mais trabalho. Para sanar esta necessidade a empresa criou o Web Colaboration, um verdadeiro consultor virtual para auxiliar o visitante na navegação. O cliente que ainda tiver dúvidas pode ligar diretamente para o CB Contact Center, braço da Casas Bahia na área de call center e central de atendimento. Até o Youtube, site de compartilhamento de vídeos, será utilizado para ajudar os clientes na escolha dos produtos.

 

Todos esses esforços, porém, não foram capazes de levar para a internet o modelo de negociação de cobrir ofertas. A internet vai vender com o mesmo preço das lojas reais, mas só pessoalmente o vendedor pode manter o tradicional "quer pagar quanto", e adequar a parcela ao bolso do cliente.

 

O portal segue o formato tradicional para internet. Serão 13 categorias de produtos diferentes como móveis, eletrodomésticos, eletroportáteis, informática, bebê, saúde e beleza, esporte e lazer e brinquedos e games, em cerca de 4 mil produtos comercializados. Número pequeno perto do varejo já consolidado no e-commerce como o Extra.com do Grupo Pão de Açúcar que vende cerca de 40 mil produtos. Ou mesmo a gigante B2W, proprietária dos portais Lojas Americanas, Submarino e Shoptime, que vende cerca de 700 mil produtos em 30 categorias.

 

Num primeiro momento, porém, as vendas on-line devem dar um alento nos momentos de crise. A Casas Bahia, acostumada a crescimentos superiores a dois dígitos nos últimos anos, espera, ao menos, empatar em faturamento em 2009 com os resultados do ano passado, quando atingiu uma receita de R$ 13,5 bilhões. "É uma meta realista", afirmou Klein por meio de sua assessoria de imprensa. Só com o portal, espera-se um faturamento de R$ 280 milhões, ou cerca de 2% do faturamento da rede no primeiro ano de operação. Uma meta conservadora para quem sonha ocupar 25% do mercado de comércio da internet. Mas longe de ser irreal, já que é famoso o jargão de que o Brasil ainda engantinha na internet

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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