Desde sempre adeptos do tradicional chá, os japoneses têm consolidado a tendência de tomar cada vez mais café, seja em lojas especializadas, em casa ou no trabalho. Dispostos a pagar mais caro por sabores diferentes e inovações de alto valor agregado, os consumidores asiáticos viraram o principal alvo das ações estratégicas elaboradas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex) no setor.
O primeiro teste para ampliar a fatia do café brasileiro e seus derivados no Japão será a feira a internacional Foodex, marcada para o início de março, em Chiba. Os exportadores do Brasil lideram o ranking das vendas aos nipônicos. Nos últimos sete anos, as vendas brasileiras cresceram 21% ao ano, ganhando oito pontos no mercado japonês. Em 2007, foram embarcados US$ 326 milhões em cafés torrados, não-torrados, extratos e essências. "Vamos mostrar, no Japão, que temos produtos industriais sofisticados, e não apenas commodities", afirma o coordenador de Imagem e Acesso a Mercados da Apex, Juarez Leal.
Embora o café seja a principal aposta da Apex no mercado japonês, as ações de promoção comercial serão estendidas a outros produtos "sofisticados" do agronegócio nacional. Como a Foodex é a principal feira de alimentos e bebidas da Ásia, a Apex atraiu 20 empresas para compor a comitiva brasileira que mostrará produtos a compradores de mais de 60 países. Os exportadores de carne de frango terão uma boa oportunidade para reforçar a posição de maior vendedor desses produtos ao exigente mercado japonês.
Donas de 92% do mercado local para carne congelada de aves, as empresas brasileiras miram a concorrência de Estados Unidos, China e Tailândia. Em 2007, foram vendidos quase US$ 580 milhões, mesmo com a cobrança de tarifas alfandegárias de até 12% sobre alguns cortes. "Temos avançado muito nessas vendas, mas é preciso estar atentos à concorrência", afirma Juarez Leal.
A feira de quatro dias no Japão, que tem um público estimado superior a 90 mil visitantes, também dará oportunidade às empresas exportadoras nacionais de carne bovina. Os australianos lideram o ranking das vendas. E a fatia brasileira tem sofrido redução nos últimos anos. O Brasil detém uma participação de apenas 9% no mercado japonês, com US$ 6,5 milhões de preparações e conservas de bovinos. A meta é abrir o mercado asiático para a carne congelada. "Mas a tarefa não é fácil. Mesmo assim, somos o quarto maior fornecedores", diz o coordenador.
Cada vez mais associados pela medicina à saúde, os produtores a base de chocolate com forte teor de cacau têm ampliado o espaço no mercado japonês. Por isso, entrou no radar da Apex como um item de forte apelo junto aos consumidores locais. Produtos ricos em vitaminas e sem açúcares são os preferidos, mas o governo do Japão mantém em 40,6% a sobretaxa aos tipos de chocolates mais consumidos.
"Ainda temos um logo caminho a percorrer nesse segmento", reconhece Juarez Leal. O Brasil é apenas o 14º maior fornecedor do produto. A Apex também espera despertar o interesses dos cerca de 2,4 mil expositores da Foodex de e importadores japoneses para produtos lácteos, ovos, sucos de frutas tropicais e peixes brasileiros, além de massas e preparações.
Veículo: Valor Econômico