Varejo reduz preço de marca própria

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Há um ano, quando o custo de commodities como trigo, petróleo e milho estava nas alturas, as varejistas aceitaram a contragosto aumentos da Kellogg, General Mills, H.J. Heinz e outras fabricantes do setor. O estranho é que esses preços nunca voltaram ao patamar anterior, mesmo depois de as commodities desmoronarem no quarto trimestre de 2008. "Os preços parecem não baixar tão rápido quanto sobem", diz Jeffre Noddle, executivo-chefe da Supervalu, de Minneapolis, uma das principais varejistas de alimentos dos Estados Unidos. 

 

Agora, as varejistas exigem mudanças. Em 7 de janeiro, Noddle disse a analistas que podem aguardar um verdadeiro "campo de batalha" nos próximos seis meses, enquanto o executivo pressiona as indústrias de alimentos a ajustarem seus preços. E se recusarem? "Em quase toda categoria", destaca Noddle, "há outros fornecedores" para procurar. 

 

As fabricantes de alimentos admitem que os aumentos nos preços superaram a inflação das commodities durante o quarto trimestre do ano passado, o que deveria ter resultado em lucros maiores. Argumentam, no entanto, que as altas anteriores não cobriram por completo a escalada nos custos de produção. Foi por isso que a Kellogg aumentou, em janeiro, os preços da maioria de suas marcas de cereais. Os preços das commodities "ainda estão bem acima de suas médias históricas", diz um porta-voz da companhia. 

 

Além disso, muitas indústrias estão presas a contratos de compra assinados há vários meses, nos quais os preços das commodities ainda estão em patamares recorde. A Kraft estima que os custos de produção em 2008 subiram 13% em comparação ao ano anterior. 

 

Outro motivo é que, simplesmente, muitas companhias não querem baixar os preços com tanta incerteza pela frente. Um porta-voz da Heinz diz não prever muitos outros aumentos pela frente, "mas dependerá do que as commodities fizerem em 2009". 

 

As varejistas em dificuldades não querem esperar. Com as commodities ainda em queda, a Safeway, uma rede de 1,7 mil lojas com sede na Califórnia, informa que "encorajará" os fornecedores parceiros para ajudar a repassar o declínio aos consumidores. Uma forma de fazê-lo é ampliar o uso de mercadorias vendidas sob marca própria das varejistas, mais baratas do que as marcas nacionais e com melhor margem de lucro para as redes de supermercados. Em todo os EUA, as marcas próprias tiveram crescimento de 10% em 2008, de acordo com a Nielsen. 

 

Para alimentar o interesse dos consumidores, a Weis Markets, da Pensilvânia, e a Wegmans, de Nova York, voltada ao segmento de alto padrão, reduziram recentemente os preços de vários produtos de marca própria. As grandes fabricantes de alimentos talvez fiquem "mais dispostas a reduzir os preços de tabela", caso se sintam afetadas como resultado, afirma o executivo-chefe da Wegmans, Danny Wegman. 

 

As marcas próprias provavelmente não são fortes o suficiente para motivar ajustes abrangentes da indústria. Alguns analistas, no entanto, dizem ter detectado um aumento no que se conhece como "dólares promocionais", o dinheiro que os fornecedores dão aos varejistas para subsidiar descontos temporários, como as ofertas do tipo "leve dois e pague um". Tais descontos podem abrandar aumentos de preços, mas as varejistas gostariam muito mais de cortes de preços duradouros. 

 

Algo que garantiria isso é a continuidade no derretimento do preço das commodities. No fim das contas, "alguém vai se separar do grupo" e reduzir o preço dos alimentos, diz o analista Andrew Wolf, Ca BB&T. Com a pressão por parte de varejistas e consumidores aumentando, a disparidade de preço não pode continuar, afirma Noddle, da Supervalu. Se os preços subirem, "queremos entender por que". 

 


Veículo: Valor Econômico


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