As ações da Kraft Foods caíram 9,15% na bolsa de Nova York ontem, após a segunda maior produtora de alimentos do mundo ter anunciado a redução de suas previsões de lucros para 2009, diante do fortalecimento do dólar e da busca do consumidor americano por alimentos mais baratos.
A empresa prevê agora um lucro por ação de US$ 1,88 neste ano, enquanto sua estimativa anterior projetava US$ 2. Essa mudança reflete, entre outros itens, efeitos da valorização do dólar e uma alta nos custos previdenciários.
A Kraft também informou que o crescimento orgânico da receita deverá ser de 3% em 2009 - menor que os 4% anteriormente previstos. Os cortes nas previsões foram anunciados ao mesmo tempo em que a empresa, fabricante do "cream cheese" Philadelphia, divulgou uma queda de 68,5% no lucro operacional do quarto trimestre de 2008, para US$ 302 milhões, que, segundo a companhia, se deveu a despesas ligadas ao seu programa de corte de custos.
Irene Rosenfeld, presidente-executiva e presidente do conselho de administração da Kraft, já realizou dois anos de um programa de reorganização de três anos, cujo objetivo é elevar a taxa de crescimento orgânico da companhia com mais gastos em marketing e desenvolvimento de produtos, para revigorar marcas.
No entanto, a companhia perdeu participação de mercado em 15 de suas 20 marcas principais no quarto trimestre, período em que os consumidores migraram para marcas próprias do varejo.
"Não há dúvidas de que diante do novo cenário econômico as coisas serão difíceis no curto prazo", disse ela a analistas. "Os consumidores estão mudando muito [de produtos de marca para as marcas próprias]. Mas como as pessoas estão comendo mais em casa, marcas como a DiGiorno e a Oscar Mayer estão sendo beneficiadas."
A executiva afirmou que vê "um começo da recuperação da participação de mercado em 2009, mas o mais provável é que ela não ocorra antes do segundo trimestre".
As receitas orgânicas líquidas da Kraft cresceram 4,4% no quarto trimestre, em relação a igual período de 2007. O lucro líquido caiu para US$ 163 milhões, contra US$ 585 milhões um ano antes. (A divisão internacional, que inclui América Latina, teve aumento de 15,3% nas receitas orgânicas líquidas em 2008. O crescimento na América Latina foi impulsionado por altas nos preços de biscoitos e chocolates).
Veículo: Valor Econômico