Roche mira os biotecnológicos e planeja novas aquisições

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A Roche, quinta maior indústria farmacêutica do mundo, quer ampliar ainda mais seus domínios. Seja organicamente, seja através de aquisições, como a que foi feita recentemente, do laboratório Ventana, ou a que está sendo arquitetada no momento, do total do capital da norte-americana Genentech. A informação foi dada ontem, direto da sede da companhia na Basileia, Suíça, pelo principal executivo da companhia, Severin Schwan. "Estamos constantemente em busca da inovação, esteja ela onde estiver", afirmou ele, antes de voar para Nova York para falar com analistas norte-americanos.

 

Inovação, para a Roche, tem nome e sobrenome: remédios biotenológicos. O segmento hoje responde por 65% da receita da companhia em todo o mundo e já se transformou na grande aposta da indústria mundial de medicamentos. No ano passado, a Roche faturou 45,6 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 39,7 bilhões), 1% a menos que no ano anterior, quando atingiu 46,1 bilhões de francos suíços.

 

De acordo com Schwan, tirando-se a venda de Tamiflu (medicamento indicado contra a gripe aviária), que vem perdendo a força com a redução da pandemia, as vendas da Roche subiram 10% em francos suíços. Do total, a Genentech sozinha respondeu por 10,4 bilhões de francos, especialmente com a linha de produtos contra câncer, como o Avastin, MabThera e o Herceptin. Por isso, as vendas da Roche de produtos para oncologia, uma das especialidades da Genentech e da Ventana, cresceram 15%, para 19,7 bilhões de francos suíços. Pela primeira vez três dos produtos conseguiram obter vendas acima de 5 bilhões de francos suíços. Numa clara indicação de que a aposta pelos biotecnológicos está certa.

 

Do faturamento total, a divisão farmacêutica responde por 79% e a divisão de diagnósticos por 21%. Schwan admitiu que a crise financeira teve impacto negativo sobre os resultados da companhia, derrubando o lucro operacional em 4%, de 14,4 bilhões de francos suíços para 13,9 bilhões de francos suíços. O lucro líquido ficou 5% abaixo de 2007, totalizando 10,8 bilhões de francos suíços, ante os 11,4 bilhões de francos suíços registrados no ano anterior.

 

Schwan afirmou ainda que não vai aproveitar as aquisições para ganhar sinergias e demitir pessoal e sim somar os esforços. "Se vou pagar alguns milhões por uma companhia, a melhor estratégia é investir nela", disse o executivo.

 

"Nossa meta é fazer aquisições pontuais, crescendo mais gradualmente do que com megafusões", afirmou, numa alusão ao movimento recente da rival Pfizer. No caso da Genentech, a Roche acredita que, assim como a Pfizer, também terá acesso a financiamentos. "Não temos dúvidas de que obteremos recursos para finalizar a aquisição", acrescentou o responsável mundial pela área financeira da companhia, Erich Hunziker.

 

Mas depois de adquirir a empresa, a ideia é manter a independência para descentralizar a administração. "Sabemos que a empresa precisa de cada colaborador para crescer", disse Hunziker, mostrando com números que a performance operacional limitou os efeitos adversos da volatilidade do mercado financeiro. A produtividade da Roche, segundo ele, aumentou 10%.

 

Para 2009, a empresa deve continuar apostando alto nos biotecnológicos, que demandam um alto valor de investimentos em pesquisas e desenvolvimento. No ano passado foram gastos 9 bilhões de francos suíços, 26% a mais que em 2007, e este ano deve chegar a 11 bilhões de francos suíços. "O Avastim é a grande aposta, pois já tem 12 novos projetos em fase 3 (quando o medicamento já esta sendo testado em pessoas doentes e tendo seus efeitos testados efetivamente)", explicou o responsável pela área farmacêutica, William Burns.

 

Acordo no Brasil

 

Ha dois meses, a Roche fechou um acordo com o brasileiro Incor para pesquisas de uso de células-tronco na reparação cardíaca. Em junho, uma equipe de pesquisa da Roche vai desembarcar em São Paulo para avaliar o projeto. Segundo Burn, a empresa tem interesse em start ups com alta tecnologia e companhias que tenham portfólio internacional e operações no Brasil.

 

De acordo com Lee Babiss, responsável pela área de pesquisa, há muito interesse no País na área de pesquisa clínica, o que motivou o acordo com o Incor. Os investimentos brasileiros em pesquisa clínica em 2008 foram 24% maiores, atingindo US 28 milhões. Para 2009, os valores deve ser ainda maior, mas ainda não foram definidos.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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