CNA desautoriza estudo da Conab

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A Companhia Nacional de Abastecimento divulgou o primeiro levantamento do custo de produção do leite no País. O gasto médio variável do produtor nas regiões pesquisadas ficou em R$ 0,56. Valor, que para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária Leiteira da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, "está subestimado".

 

Ainda assim, os custos de produção calculados pela Conab revelam a distância entre o valor gasto pelo produtor e o que ele recebe pelo litro de leite vendido à indústria. Maior ainda é a defasagem em relação ao preço mínimo de garantia estipulado pelo governo - R$ 0,47 para Sudeste, Sul e Nordeste do País - agora em prática no mercado movimentado pelos leilões de Prêmios para o Escoamento da Produção (Pep) de leite.

 

Os dados apresentados pela Conab foram colhidos nos principais pólos de leite dos estados de Minas Gerais (Ibiá e Pompéu), São Paulo (Guaratinguetá e Mococa) e Rio Grande do Sul (Ijuí e Passo Fundo). Segundo o engenheiro agrônomo e analista de custo de produção da Conab, Estelito Reis, é no interior paulista que o produtor de leite tem mais prejuízo. Em Guaratinguetá, por exemplo, o custo variável - aquele registrado ao longo de um ciclo completo de produção - é de R$ 0,60. Já o operacional - custo variável somado às depreciações - seria de R$ 0,83. E o preço recebido pelo produtor (média ponderada do ano de 2008) seria de R$ 0,66, R$ 0,17 menor que o custo real.

 

Para a Conab, em Pompéu, terceira maior bacia de leite do País, o produtor estaria embolsando R$ 0,07 por litro de leite negociado. "Quer dizer que com uma produção média de 60 mil litros por mês o produtor ganharia R$ 4,2 mil limpos? Se a situação fosse essa não teriam acontecido as manifestações nem as doações dos estoques de leite das fazendas no fim do ano", questiona Alvim.

 

O presidente da Comissão de Leite da CNA contesta ainda a formação dos "preços oficiais". Segundo ele, o custo com capatazia não é variável como sugere a planilha da Conab. "E mesmo se fosse, um capataz não recebe menos de um salário mínimo". De acordo com o levantamento, um capataz sairia por R$ 2,49 mil ao ano.

 

Em Ijuí (RS), pelo litro de leite produzido por R$ 0,64 é pago apenas R$ 0,50. "A curto prazo o produtor consegue cobrir os custos" acredita Estelito Reis. Responsável pelo setor de lácteos da Conab, Maria Helena Fagundes, pondera que preço mínimo não é equivalente a custo de produção, nem em países que praticam políticas de subsídios mais agressivas como Estados Unidos e União Europeia". Mas admite que o valor levantado explicita a defasagem da sustentação oferecida pelo governo.

 

"A atividade está em perigo", reconhece Fagundes. "E o mais grave é que os preços de mercado estão muito baixo, mal cobre o custo variável. O produtor não vai suportar essa situação por muito tempo", prevê a analista da Conab com base em um calculo subestimado, segundo a CNA. "Não retrata a realidade do setor", afirma Alvim. O presidente da Comissão de Leite admite no entanto que a fixação de um custo de produção, "mesmo irreal", vai corrigir o preço mínimo". Segundo Maria Helena Fagundes, a partir de julho, início da safra do setor, entra em vigor, o novo preço mínimo. "Não vai ser remunerador, mas será corrigido", garante.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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