A crise não assusta os franceses do Carrefour, que prometem manter para este ano o planejamento de investir pelo menos R$ 1 bilhão na abertura de cerca de 70 lojas entre as suas bandeiras - Carrefour, Carrefour Bairro, Dia% e Atacadão. O diretor da divisão Centro-Sul e membro do comitê executivo do Carrefour, Laurent Bendavid, explica que o Carrefour mira o desempenho da economia brasileira no longo prazo e, por isso, acredita não haver necessidade de uma freada momentânea, em um período de domínio de notícias sobre demissões no País.
"Qualquer que seja o contexto econômico de curto prazo, vamos investir mais de R$ 1 bilhão porque achamos que o Brasil é um dos lugares do mundo onde o crescimento vai ser maior", disse Bendavid, que esteve ontem em Porto Alegre para a inauguração de mais um hipermercado na zona norte da cidade (o terceiro na capital gaúcha e o oitavo no Rio Grande do Sul), bem em frente ao Big, hipermercado do concorrente Wal-Mart.
Bendavid diz que o grupo considera o Brasil o melhor destino para investimentos entre os países do BRIC (que também inclui China, Índia e Rússia) e por isso o Carrefour assegura que também terá um investimento na casa do R$ 1 bilhão em 2010, com a abertura de um número semelhante de novos pontos. O ritmo de crescimento orgânico deve se manter até 2015, data mirada pelo atual planejamento estratégico do gigante varejista. O Brasil, onde o Carrefour lidera o ranking supermercadista, é o terceiro principal mercado do grupo, atrás apenas de França e Espanha.
A rede fechou 2008 com 770 lojas em 17 estados, sendo 70 novas. O Carrefour, porém, prefere ainda não detalhar o número de novas lojas por bandeiras ou por região.
Faturamento cresce 26%
Em 2008, o grupo reportou um faturamento de € 8,4 bilhões, no Brasil, um crescimento de 26% sobre 2007. Já as vendas das mesmas lojas superaram em 8% os números do exercício anterior. "Temos expectativas de crescimento acima de dois dígitos no Brasil em 2009", assegura Bendavid, que também projeta crescimento das vendas em mesmas lojas. Ele observa que, se itens como eletroeletrônicos apresentarem retração, o resultado será compensado pelos alimentos.
Apesar dos indicadores fracos da economia brasileira no final do ano passado e início de 2009, Bendavid acredita que a crise não é tão aguda quanto se noticia e a expectativa do Carrefour é contratar mais 4 mil funcionários este ano devido ao seu plano de expansão.
O Carrefour reitera que está atento às oportunidades de novas aquisições, mas Bendavid entende que não necessariamente as grandes redes encontrarão pechinchas pela desvalorização dos ativos porque as varejistas consideradas alvos, muitas vezes familiares e com expectativas anteriores de valorização maior, talvez não queiram ser vendidas agora. A última aquisição, realizada em 2007, por R$ 2,2 bilhões, foi a do Atacadão.
Veículo: Gazeta Mercantil