Déficit do setor têxtil soma US$ 3,38 bilhões de janeiro a julho

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                           Importações chegaram a US$ 4,07 bilhões e embarques a US$ 694,1 milhões



Mara Bianchetti



O déficit da balança comercial do setor têxtil e de confecção brasileiro chegou a US$ 3,38 bilhões no acumulado dos sete primeiros meses de 2014, representando mais um recorde para o período. O resultado negativo foi 6,02% maior do que o apresentado em igual época do ano passado, quando o resultado negativo da balança do setor havia sido de US$ 3,19 bilhões.

De janeiro a julho, as importações somaram US$ 4,07 bilhões, enquanto as exportações chegaram a US$ 694,1 milhões. Assim, o valor dos itens que vieram do exterior aumentou 3,74% ante mesma época do ano passado, quando havia sido de US$ 3,93 bilhões, e o montante relacionado aos embarques diminuiu 6,3% na mesma base de comparação, uma vez que chegou a US$ 739,4 milhões no ano passado.

Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e foram divulgados ontem pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

Somente em julho, as exportações de têxteis e confeccionados cresceram 7,71%, em valor, passando de US$ 97,2 milhões para US$ 104,7 milhões. Este aumento foi de 8,82% em toneladas, em relação a julho de 2013.

Já as importações de têxteis e confeccionados no mês aumentaram 12,77% em valor, passando de US$ 571,7 milhões para US$ 644,7 milhões, enquanto que o crescimento do déficit na balança comercial no período foi de 13,8% em relação ao mesmo período de 2013.

Na avaliação do superintendente da Abit, Fernando Pimentel, os números confirmam a perda de competitividade da indústria brasileira nos últimos anos. Segundo ele, desde 2006 o setor vem registrando, mês após mês, recordes no déficit da balança comercial. "Mesmo diante de uma estagnação já observada no varejo, continuamos a registrar aumento das importações, enquanto os embarques permanecem caindo", diz.

Essa situação, segundo Pimentel, tem implicado na perda contínua de market share das indústrias nacionais, bem como na redução de postos de trabalho e fechamento de empresas em todo o país.

"A situação é ainda mais complicada porque não existe uma visão clara de futuro. Só saberemos como será tratada a economia depois das eleições. Apesar de algumas medidas estarem ocorrendo de maneira correta neste momento, como as concessões na área de infraestrutura e a isenção de impostos para alguns segmentos, o conjunto da obra não tem atendido a expectativa de um país que precisa crescer", justifica.

Para se ter uma ideia dos impactos no desempenho dos setores, ele destaca que enquanto o faturamento das confecções caiu 3,5% nos primeiros sete meses de 2014, no têxtil a retração chegou a 7% no mesmo período. E as expectativas para o encerramento do exercício não são positivas.


Expectativas - Conforme o superintendente da Abit, mesmo que haja o já tradicional aumento dos negócios no decorrer dos próximos meses, em virtude do Natal, não será possível reverter os números e registrar crescimento frente a 2013. "Não existem perspectivas de um período brilhante, mas pelo menos já saberemos quem irá governar o país nos próximos quatro anos e os empresários já poderão ter uma ideia do que pode estar reservado aos seus negócios no futuro", afirma.

Enquanto isso, segundo ele, a entidade segue com propostas junto à União de melhorar as condições de atuação do setor e recuperar a competitividade da indústria como um todo. " fato que existe uma recessão global, mas também é realidade que há outros países com excedentes produtivos em busca de mercado, e que possuem condições de produção diferentes das nossas", conclui.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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