O cultivo do café robusta começa a ganhar força em São Paulo como opção para ampliar a renda agrícola e reduzir custos com logística e tributação no processamento dos grãos. A intenção do governo estadual é ampliar o leque de opções de cultivo aos produtores, além de ajudar a desenvolver a economia em algumas regiões. Atualmente a produção do robusta está concentrada no Espírito Santo e Rondônia, que oferecem o melhor perfil climático e condição para cultivo. Porém, os custos com frete e ICMS - que possui alíquota de 12% - encarecem a aquisição do produto e oneram as indústrias, que em grande parte estão concentradas em São Paulo. O produtor, por sua vez, pode utilizar o cultivo como opção de renda em um mercado que consome toda a produção nacional. Com a boa liquidez, também espera-se que a cultura impeça o avanço da cana-de-açúcar, que ocupa grandes áreas.
O estado é o maior consumidor de café do País, respondendo por um volume de 4,5 milhões de sacas anuais, segundo dados da Câmara Setorial do Café. Deste total, entre 1,5 e 2 milhões de sacas são do tipo robusta, montante que equivale a cerca de 20% da produção nacional dessa variedade em 2009. Nathan Herszkowicz, presidente da Câmara Setorial do Café, revela que a iniciativa pode levar desenvolvimento para regiões como o Vale do Ribeira. Além disso, ressaltou a importância da economia com tributos e frete. "A câmara atua no sentido de catalisar o interesse dos produtores e evidenciar o interesse das indústrias. A expectativa é que esses experimentos sejam acompanhados por indústrias até os resultados".Roberto Paulo, diretor- executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), também apontou a economia com tributos como o ponto principal. "As indústrias de solúvel estão divididas entre São Paulo e Paraná. Com certeza o projeto é uma ótima iniciativa para o setor".
"Vamos oferecer linhas de créditos para financiamento por meio Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP), além do apoio técnico dos institutos de pesquisa do estado", revelou João Sampaio, Secretário da Agricultura do Estado. Ele conta que a ideia é viabilizar o plantio até o próximo ano e destacou o baixo custo de produção da variedade como maior incentivo para o cultivo. "As melhores condições de plantio estão na região da Alta Paulista - oeste do estado. Mas a ideia é otimizar o máximo possível. Quanto mais, melhor".
Pesquisadores afirmam que o principal entrave é a escassez de água, que só seria solucionada com a implantação de um sistema de irrigação. Também destacam que o projeto é importante no aspecto de evitar o avanço da cana-de-açúcar, oferecendo outras opções de remuneração. Estima-se que o custo apenas com mudas para iniciar o cultivo seja de R$ 7 mil por hectare, em média. Segundo a Conab, o custo médio de produção da saca (60 quilos) do robusta é de R$ 145,00. Já os preços pagos no mercado estão em média R$ 210,00 a saca.
O pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Luiz Carlos Fazuoli, a temperatura para cultivar o robusta está entre 22º C e 26º C. "Mas é essencial que a lavoura seja irrigada por causa da falta de água nessas regiões", revela. Segundo informou, já existem alguns projetos pilotos em andamento nos lugares com clima favorável. Porém disse que os custos de produção podem ser um pouco maiores por causa da mão-de-obra mais cara.
Veículo: Gazeta Mercantil