Movimentação de contêineres volta a crescer

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O mercado de fretes de contêineres iniciou uma tímida recuperação nos últimos dias, com aumento na procura do serviços, mas que ainda não atingiu os preços. Essa melhora é reflexo de um esforço do setor para vencer umas das mais profundas crises de sua história. O equivalente a 6% da frota mundial de navios especializados em contêineres está ociosa em torno de Cingapura, na Ásia, à espera de contratos. São cerca de 680 mil Teus (unidade de 20 pés) disponíveis, que agem contra a recuperação dos preços dos fretes, ao ponto de haver rotas entre Ásia e Europa com níveis negativos de remuneração. 

 

"Em volume começamos a melhorar; a pior fase foi no início do ano, quando caímos de 25% a 30% em relação há um ano. Nossa avaliação é de que o segundo semestre será melhor que o primeiro, mas 2009 não atingirá os níveis de 2008", analisa Julian Thomas, diretor da Hamburg Sud para o Brasil, Uruguai e Argentina e da Aliança Navegação e Logística. Um dos exemplos da queda dos fretes é dado pelo contêiner de exportação de café de 20 pés, que já esteve pela casa dos US$ 1,5 mil e hoje está em US$ 1,1 mil, na média do mercado. 

 

As dificuldades do setor também foram agravadas pelo preço dos combustíveis. Parte da alta foi repassada para a carga transportada, por meio de sobretaxas, que até agora não foram totalmente suprimidas, na tentativa de um resultado superavitário para os armadores. A tonelada de óleo embarcada em Roterdã, na Holanda, chegou ao patamar de US$ 700, mas já havia declinado para US$ 249,50 na quarta-feira. "Esse nível já esteve em US$ 180 e mesmo com sobretaxas, os fretes estão longe de serem compensatórios", diz Thomas. 

 

A redução dos níveis de consumo dos Estados Unidos é vista como fator agravante para os fretes mundiais, com a avaliação do diretor da Hamburg Sud de uma queda de 20% na procura de contêineres daquele mercado em 2008, relativamente a 2007. Para o primeiro semestre deste ano, a estimativa é de uma queda de 11,8%, ante mesmo período de 2008, para 6,6 milhões de Teus, segundo a National Retail Federation. 

 

A conexão entre fretes e encomendas de novos navios porta-contêineres resulta no cancelamento de novas embarcações, "com perdas de depósitos iniciais", conforme Julian Thomas. Segundo o AXS-Alphaliner, serviço especializado no setor, as atuais encomendas caíram para 6,1 milhões de Teus, o mais baixo nível em 16 meses. Nos últimos quatro meses não houve qualquer nova encomenda. 

 

A lenta recuperação dos fretes para contêineres segue um ritmo aquém do mercado de graneleiros (produtos agrícolas, carvão, minério), acompanhado pelo Baltic Dry Índex (BDI), que marcou 2.055 pontos, na quarta-feira, avançando mais de 175%, desde dezembro. Especialistas do setor atribuem essa diferença à maior estabilidade e regularidade das rotas dos navios de cargas secas. Mesmo assim, o setor amargou desníveis extraordinários de fretes, que no auge dos elevados preços do barril de petróleo, chegaram a US$ 120 mil por diária de navio, caindo, depois, para menos de US$ 10 mil e atualmente estão ao redor de US$ 40 mil. 

 

Para a Hamburg Sud e Aliança, com uma frota de 50 navios e capacidade equivalente a 155.693 Teus, o ano de 2009 será atípico, com previsão de alguma baixa, ante 2008. A comparação entre um ano e outro sofre a influência da compra da italiana Costa Containers Line, no final de 2007, com navios incorporados no início de 2008. "Estamos fechando 2008 com aumento de dois dígitos", diz Thomas, sem revelar o quantitativo e acrescentando que essas empresas não farão qualquer alteração em sua frota atual, em 2009, garante o executivo. 

 

A favor do desempenho do ano passado também pesou o fator cambial, com a depreciação do real, que tornou os produtos brasileiros mais competitivos e permitiu resultados positivos para os contêineres. O porto de Santos, em 2008, movimentou 2,7 milhões de Teus, com acréscimo de 5,6% sobre 2007. 

 


Veículo: Valor Econômico


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