Mercado de trabalho teve melhora, diz FGV

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Indicadores da fundação mostram tendência positiva do nível de emprego nos próximos meses; apesar disso, especialistas estão cautelosos com cenário em 2015

 



As expectativas em relação ao mercado de trabalho brasileiro devem ser analisadas com cautela, afirmam especialistas. Apesar disso, a tendência é que os ajustes econômicos, previstos para este ano, não cheguem a impactar o nível de emprego do País. Os indicadores de mercado de trabalho do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados ontem, mostraram melhora ante resultados anteriores. Após recuar 0,3% em novembro, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) avançou 2,0% em dezembro, atingindo 76,0 pontos. Esse índice busca traçar tendências para o mercado de trabalho.

De acordo com o instituto, embora o IAEmp continue em nível "extremamente baixo em termos históricos", o resultado confirma a tendência de alta ao final do ano passado, após um período de fortes quedas entre os meses de março e setembro. Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que capta a situação presente do mercado de trabalho, recuou 1,1% em dezembro, atingindo 73,6 pontos. Essa foi a primeira queda do indicador em nove meses.

Em relação ao IAEmp, o indicador de otimismo dos industriais com os seus negócios, nos próximos seis meses, foi o que contribuiu para o avanço do índice, com variação positiva de 8,7%. Apesar disso, a economista da FGV, Sarah Lima, avalia que a melhora nos indicadores deve ser vista com cautela e que pode estar relacionada a uma "compensação do nível de pessimismo dos últimos meses", tendo em vista as incertezas do período eleitoral.

Tendências


Lima afirma que o mercado de trabalho tende a ser ruim em 2015. "Não tem como manter o mercado de trabalho aquecido em um período de ajustes macroeconômicos", diz ela, citando a política de contenção fiscal e a alta de juros que devem ocorrer nesse ano.

Já o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Leonardo Trevisan, avalia que os ajustes não irão impactar o nível de emprego. Ele menciona a promessa do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, realizada na última segunda-feira, de implementação de um "reequilíbrio fiscal" sem "ofensa aos direitos sociais".

Além disso, Trevisan avalia que o Brasil vive um momento de escassez de mão de obra e que há, portanto, uma "pressão contratante no mercado de trabalho". Esse cenário, diz ele, pode fazer com que os trabalhadores ainda tenham poder de barganha para negociar salários ao longo de 2015.

"Mesmo que ocorram demissões na indústria, o setor de serviços tende a absorver esses trabalhadores", afirma o professor da PUC. O professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Celso Pascalicchio, também não enxerga grandes dificuldades no mercado de trabalho e afirma que os indicadores mostram elevação da confiança empresarial do novo governo.

Já para Lima, a População Economicamente Ativa (PEA) tende a aumentar em 2015, elevando o nível de desemprego. Um dos fatores responsáveis pela alta da PEA, diz ela, são as mudanças na carência do seguro-desemprego, que deve ir de 6 para 18 meses.




Veículo: DCI


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