Crédito escasso conterá expansão em açúcar

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A combinação de cotação internacional acima de 13 centavos de dólar por libra-peso e câmbio a R$ 2,27 deixa o açúcar brasileiro em uma situação confortável: pelo menos 15% mais rentável do que o álcool. No entanto, a perspectiva de que as usinas vão produzir muito mais açúcar e driblar a crise com altas receitas com o produto é apenas para algumas. Além de limitações industriais para mudar o mix de produção, a tendência, segundo analistas e os próprios empresários do setor, é de que muitas usinas não conseguirão produzir o volume de açúcar que gostariam para poderem fazer caixa com álcool e pagar dívidas. A tendência é de que os preços do biocombustível sejam mais depreciados nesta próxima safra.

 

"A retração de crédito vai causar desconforto nos primeiros meses da safra. Isso porque diversas empresas vão liberar seus estoques no curto-prazo para fazerem caixa. Sempre temos queda nos preços na safra, mas tenho a impressão de que neste ano esse movimento será mais forte", diz Felipe Vicchiato, gerente de Relações com Investidores do grupo São Martinho, em conferência com analistas ontem.

 

Em um cenário mais açucareiro, a consultoria FCStone, prevê que de 40%, o mix para açúcar avance para 42,6% no ciclo 2009/10, que começa em maio. Se este cenário se confirmar, a produção de açúcar no Centro Sul seria de 31 milhões de toneladas, o que significaria um adicional de 4,4 milhões de toneladas. "As novas plantas não têm muita flexibilidade de mudança do mix. Além disso, há muitas usinas que foram projetadas para produzir apenas álcool", explica Marcos Escobar, consultor da FCStone. Essas usinas alcooleiras é as que devem ter mais dificuldades financeiras na próxima safra. "As unidades com este perfil vão ter que vender o álcool ao preço que estiver, porque não têm outro produto a comercializar".

 

A estimativa é de que dos 540 milhões de toneladas de cana que devem ser moídas na próxima safra, 80 milhões (15%) será processado por usinas exclusivamente alcooleiras. Escobar acrescenta que outro problema que já é possível antever no mercado de álcool é a falta de comprador e excesso de vendedor. "Muitas usinas pegaram dinheiro emprestado com compromisso de entregar o álcool a preços baixos. Assim, as distribuidoras estão bem posicionadas em posições compradas, o que deve pressionar o mercado ainda mais para baixo", diz.

 

Enquanto na média, o setor sucroalcooleiro, pode atingir um mix de até 42,6% açucareiro, alguns grupos, com atuação mais forte em açúcar, devem atingir patamares bem superiores. A Açúcar Guarani, que teve mix açucareiro de 59% na safra passada, deve ampliar para chegar a 65% no próximo ciclo, segundo Jacyr Costa Filho, diretor-presidente da companhia. "Estamos trabalhando com um prêmio para o açúcar branco de US$ 80 a US$ 85 por tonelada. Mas podemos ver valores ainda maiores em momentos específicos, principalmente se houver maior necessidade de produto", avalia Jacyr, em conferência para analistas realizada ontem. A Guarani, segundo ele, fixou 90% do açúcar produzido no atual ciclo ao preço médio de 12,70 centavos de dólar a libra-peso. Para a próxima safra, a companhia informou 35% de fixação.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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