As vendas no varejo registraram queda de 0,3% em dezembro do ano passado, frente novembro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a receita nominal do comércio ficou 0,6% menor, na série com ajuste sazonal. Este é o terceiro mês consecutivo de retração.
De outubro a dezembro, o volume de vendas caiu 2,3%, o que contribuiu para uma desaceleração no ritmo de crescimento do volume de vendas, na passagem do terceiro para o quarto trimestre do ano, de 10,2% para 6%.
Apesar disso, na comparação com dezembro de 2007, o volume de vendas cresceu 3,9%, enquanto a receita aumentou 9,6%. Com esses resultados, o volume de vendas do comércio fechou 2008 em elevação de 9,1%, enquanto a receita nominal cresceu 15,1%.
"No último mês do ano, a repercussão da crise global na confiança do consumidor e a seletividade no crédito foram responsáveis por um desempenho menos brilhante para o setor", disse Marcelo Waideman, coordenador do Núcleo de Estudo & Pesquisas Econômicas da GS&MD-Gouvêa de Souza.
Para os analistas da Rosenberg & Associados, o desempenho do comércio no final do ano passado corrobora "a visão de que a desaceleração da atividade econômica está consolidando-se como a nova realidade do país". A consultoria avalia também que ainda há muito para piorar nos próximos meses, acompanhando a chegada de um mercado de trabalho "bem menos amigável".
A nova rodada de recuperação "vai ficando cada vez mais difícil e menos significativa, na medida em que o mercado de trabalho e o crédito não se recomponham", afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, em seu relatório.
A GS&MD também prevê o comércio enfrentará um primeiro trimestre "mais difícil" e que deve apresentar desaceleração em relação aos números do ano passado, com um primeiro trimestre mais difícil. A expectativa da consultoria, no entanto, é que ao longo do ano a queda dos juros e da esperada diminuição do spread bancário tragam um novo impulso ao setor, fazendo com que o desempenho em 2009 fique acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País.
Das oito atividades que compõem a Pesquisa Mensal de Comércio realizada pelo IBGE de dezembro, quatro tiveram retração, três apresentaram crescimento e uma não teve variação em relação a novembro. As principais quedas foram registradas em móveis e eletrodomésticos (-3,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,7%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1,4%).
Já o segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo manteve estabilidade nas vendas em dezembro, se comparado com novembro. Enquanto tiveram aumento no volume de vendas tecidos vestuário e calçados (0,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (11,9%).
Na comparação com dezembro de 2007, a pesquisa mostra que sete das oito atividades do varejo obtiveram aumento no volume de vendas, cujas taxas, por ordem de importância no resultado global, foram: 3,5% para hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; 4,5% em móveis e eletrodomésticos; 35,6% para equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; 13,6% em artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, e cosméticos.
Veículo: Gazeta Mercantil