O presidente do grupo Wal-Mart no Brasil, Héctor Núñes, anunciou ontem o plano mais agressivo de investimentos da rede em Santa Catarina desde que adquiriu as lojas do Sonae, em 2005. Serão destinados R$ 132 milhões neste ano para a abertura de cinco unidades do atacado Maxxi, a reforma de um ponto-de-venda já existente desta bandeira e para a inauguração de uma segunda loja da bandeira Nacional.
Os investimentos, que envolvem sete municípios catarinenses, fazem parte do plano do grupo de aplicar R$ 1,6 bilhão neste ano em 90 novas lojas. Segundo Núñes, as aberturas no Estado, por meio de recursos próprios, seguem o direcionamento que o grupo terá no resto do país este ano, dando prioridade às bandeiras Maxxi e Todo Dia, ambas voltadas para classes de renda mais baixas. A rede Todo Dia, de supermercados de bairro, deve chegar ao sul do país ainda em 2009.
Para Núñes, este poderá ser o melhor ano do Wal-Mart no país. Em janeiro, o grupo já apresentou crescimento em vendas e ele não crê que a crise poderá afetar o desempenho nos próximos meses. "A crise é muito mais global do que brasileira", afirmou, sem estimar o faturamento no ano. "Meu ponto de vista sobre a crise é que decidimos não participar dela", brincou.
A expectativa é que o Brasil ganhe importância dentro do grupo mundial por ter chances de atravessar a crise com menos problemas. "De todos os países do mundo, o Brasil é o que está melhor posicionado para este momento. Melhor que os demais países do Bric (bloco que envolve Brasil, Rússia, Índia e China)", destacou Núñes.
Com as novas unidades, o Wal-Mart passará de 9 para 15 lojas em Santa Catarina e brigará pela liderança das vendas no Estado, que pertence ao grupo Angeloni, sediado em Criciúma, com 19 lojas em SC e uma no Paraná. Núñes preferiu não dizer que pretende ser líder em vendas no Estado, mas disse que a rede quer ser "o melhor varejista". "Vamos ser o melhor por oferecermos sempre os preços mais baixos", negando, no entanto, que o grupo fará uma forte guerra de preços, ainda que isso seja esperado pelo mercado.
Dentre as novas lojas, uma delas será em Criciúma. As demais serão em Blumenau, Chapecó, Joinville, Lages e Tubarão. Em Itajaí, haverá a reforma da unidade existente.
Sobre os rumores de aquisições de concorrentes catarinenses que circularam no mercado com mais intensidade no ano passado, o executivo esquivou-se, dizendo que estaria sempre aberto a compras.
Para incrementar os investimentos em SC, o grupo Wal-Mart recebeu incentivos fiscais do Estado. Dentre eles, estão a postergação todo mês do recolhimento Imposto sobre Circulação Mercadorias e Serviços (ICMS) em 30 dias por um prazo que ainda está sendo negociado. Dessa forma, o grupo poderá usar os recursos que seriam do ICMS no mês como capital de giro. A Secretaria da Fazenda de Santa Catarina não informou qual seria esse volume de ICMS postergado.
Desde que adquiriu as lojas do Sonae, os investimentos em SC pelo Wal-Mart tinham atingido R$ 100 milhões e estavam restritos a cinco municípios. Com novas unidades, sua presença passa para nove cidades catarinenses.
Veículo: Valor Econômico