A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) apresentou ontem o resultado consolidado do setor em 2008, e as expectativas para 2009, já levando em conta os efeitos da crise mundial. E os números não são nada bons.
No geral, o setor deve apresentar um crescimento de 4%, menos da metade do que foi medido em 2008, e três pontos percentuais a menos do que a associação havia estimado em dezembro do ano passado. Humberto Barbato, presidente da entidade, afirmou à época que, em sua opinião, 2009 não deveria ser uma "catástrofe" e que era "factível" que o setor crescesse entre 6% e 7% este ano. "Considerando a gravidade da crise econômica, a expectativa da indústria diante da nova ordem econômica mundial, não deixa de ser otimista", reforça a Abinee, que estima um total de receitas de R$ 128,6 bilhões este ano.
A área de telecomunicações, grande motor da indústria em 2008 com um crescimento de 23%, será a mais afetada este ano. A expectativa é de uma queda no faturamento de 9%, passando dos R$ 21,5 bilhões em 2008, para R$ 19,6 bilhões em 2009. O desempenho será afetado em grande parte pela redução de quase um terço na produção de telefones celulares, que deve ficar em 52 milhões de unidades, frente às 73 milhões de 2008. As exportações também cairão 24% nas contas da Abinee, de 25 milhões, para 19 milhões de unidades. O mercado interno pode chegar a 175 milhões de habilitações com a ativação de 24,4 milhões de novas linhas.
No lado dos computadores, as vendas e o faturamento repetirão o desempenho de 2008 para a Abinee. A previsão é de que sejam vendidos 12 milhões de computadores. A diferença está no perfil de compra: os laptops conquistarão 50% do mercado. As receitas do segmento passarão de R$ 35,3 bilhões para R$ 39,5 bilhões.
Uma sondagem feita pela Abinee entre suas associadas mostra que a crise chegou às empresas brasileiras no mês de janeiro. Pelo levantamento, 91% das companhias consultadas sentiram os efeitos do novo cenário, contra 83% em dezembro de 2008. Segundo a Abinee, os setores mais atingidos foram aqueles que comercializam os chamados produtos de prateleira, como telefones celulares, computadores, material elétrico etc. As expectativas de vendas para o 1º trimestre e para o ano de 2009 também caíram em relação a dezembro, de 55% e 38%, para 69% e 56%, respectivamente.
Veículo: Valor Econômico