Produtor critica venda de café

Leia em 2min 20s

A inesperada venda de 74 mil sacas de café dos estoques públicos federais, programada para hoje e anunciada oficialmente ontem, causou divergências de opiniões entre os representantes da cadeia produtiva. Os representantes dos produtores receberam a notícia com indignação e subiram o tom nos discursos contra o atual governo. Dizem que o fato reflete a indiferença com a situação financeira da cafeicultura e com o bem-estar social das famílias que trabalham na cultura. A indústria, por sua vez, afirmou que defende boa remuneração aos produtores. Porém alegou que o volume ofertado pelo governo é muito pequeno e não exercerá pressão de baixa nas cotações.

 

O lote foi adquirido por meio de leilão de opções públicas realizadas na safra 2002/03 para retirar o excesso de oferta do mercado e favorecer a retomada dos preços. A Conab, órgão responsável pelo leilão, não se manifestou em relação ao assunto. O leilão de venda surge em meio ao cenário de baixa remuneração e endividamento de parte da cafeicultura nacional.

 

Em janeiro, as lideranças dos produtores em Brasília reivindicaram a amortização de R$ 4,4 bilhões em dívidas do setor por meio da troca em mercadorias. A proposta era financiar a dívida em 20 anos com o pagamento anual de 5% da produção. No entanto, o governo atendeu parcialmente às exigências, com renegociação de cerca de 10% do total. À época, lideranças dos produtores disseram que funcionários do Ministério da Fazenda emperravam as negociações por causa de "questões ideológicas".

 

A alegação é que os preços praticados atualmente não remuneram a atividade. O café negociado hoje no mercado é cotado em média a R$ 260 a saca (60 quilos). Porém o patamar ideal para os cafeicultores seria de R$ 320,00 a saca. O temor dos produtores é que o leilão de venda pode provocar um efeito psicológico negativo, trazendo descrédito às informações de baixa oferta. "Esse leilão é um absurdo. Trata-se de uma falta de direção política e indiferença. Por isso a cafeicultura está nessa situação", protestou Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC).

 

Almir Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), afirma que o volume não deve causar impacto no mercado. Segundo disse, a indústria consome 1,5 milhão de sacas mensais. "O mercado só reage a partir de 150 mil sacas de oferta", avalia. Explicou que o leilão é importante para a indústria em cenário de crédito escasso e caro porque permite parcelamento em até seis vezes. Para ele, a venda também pode ser positiva. "É um sinal de que pode faltar mercadoria e o governo está se antecipando para evitar escassez".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


Veja também

Comércio teme que substituição tributária leve a inflação forçada

A entrada de novos produtos no regime de substituição tributária está deixando o varejo paul...

Veja mais
Quando o varejo é inteligente

O mundo está cada vez mais consciente a respeito do meio ambiente e os varejistas não são exce&cced...

Veja mais
Wal-Mart reduz taxa de ativação do cartão

O Wal-Mart, maior rede mundial de varejo, reduziu a taxa de ativação do seu cartão (pré-pago...

Veja mais
Governo estuda nova isenção ao trigo

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, informou ontem que o go...

Veja mais
A grande gelada do cardápio

Bateu aquela vontade de tomar um sorvete e você não sabe para qual sorveteria correr? Experimente ir a um b...

Veja mais
O picolé do cerrado

Na sorveteria Frutos do Cerrado é fácil sentir-se perdido num emaranhado de sabores tão exót...

Veja mais
Governo estuda isentar tarifa para trigo

Preocupado com a quebra da safra de trigo na Argentina, principal fornecedor do cereal para o Brasil, o governo discute ...

Veja mais
Receita com embalagens cresceu 9,2% no ano passado

A receita da indústria de embalagens atingiu R$ 36,6 bilhões em 2008, o que representa um crescimento de 9...

Veja mais
Rohm and Haas foca no mercado de limpeza para crescer

Atualmente o mercado de produtos de limpeza no Brasil chega à casa dos R$ 11,4 bilhões ao ano*. De olho na...

Veja mais