Segundo economistas, rigor dos bancos na hora de conceder crédito, piora dos índices de emprego e de renda, e taxa de juros em níveis elevados fazem a inadimplência crescer menos
Tanto o número de consumidores inadimplentes quanto a quantidade de dívidas não pagas desaceleraram no mês de fevereiro, em relação a fevereiro do ano passado. O número de pessoas registradas em serviços de proteção ao crédito, que em janeiro havia aumentado 3,12% na comparação anual, desacelerou e cresceu +2,33% em fevereiro, atingindo a menor variação desde o início da série histórica ― contabilizada a partir de janeiro de 2011. Da mesma forma, a quantidade de dívidas atrasadas, que em janeiro havia registrado alta de 2,40%, cresceu menos e subiu +1,81% em fevereiro. Os dados são do indicador mensal de inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Os economistas do SPC Brasil explicam que a desaceleração do indicador não tem qualquer relação com o aumento da quantidade de pagamentos de dívidas em atraso. Muito pelo contrário: o consumidor enfrenta dificuldades com a piora do nível de emprego e com a redução do poder de compra dos salários por conta da inflação. "Os bancos e os estabelecimentos comerciais passaram a ser mais rigorosos e criteriosos na hora de conceder financiamentos e empréstimos, o que implica em uma menor oferta de crédito na praça. Como consequência, a inadimplência vem recuando mês após mês", explica a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Pelo lado dos consumidores, nota-se uma queda na demanda por bens mais caros como automóveis, motos, produtos das linhas branca, móveis, eletrodomésticos e materiais de construção. "Justamente os bens mais dependentes de financiamento", observa o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Honório Pinheiro, que lembra que no mês de fevereiro, o volume de vendas a prazo caiu 4,83%, segundo o indicador de consultas do SPC.
Menos um milhão de inadimplentes entre fevereiro e janeiro
Ainda que uma leve desaceleração na inadimplência tenha sido registrada em relação a fevereiro do ano passado, os dados na passagem de janeiro para fevereiro apresentaram variações que beiram a estabilidade. A quantidade de pessoas inadimplentes caiu 0,14% entre os dois meses. Já o número de dívidas registrou leve avanço mensal de 0,10%.
Inadimplência em números absolutos
Em números absolutos, o SPC Brasil estima que, em fevereiro de 2015, havia 53,6 milhões de devedores negativados, número equivalente 36,89% da população entre acima de 18 anos. Em janeiro, a estimativa era de 54,6 milhões, o que significa uma diminuição de aproximadamente um milhão de consumidores com dívidas em atraso na passagem de janeiro para fevereiro deste ano.
O detalhamento por segmento credor da dívida mostra que o setor de Comunicação (telefonia fixa, telefonia móvel, TV a cabo, internet) é o que mais concentra crescimento no número de pendências não pagas (alta anual de 8,48%), dando prosseguimento à tendência observada nos últimos meses. A segunda maior variação, também mantendo a tendência dos últimos relatórios, foi apresentada no setor de Água e Luz (+6,67%). Por outro lado, o comércio mostrou a menor variação no número de dívidas para o mês de fevereiro desde 2012, com retração de 1,12%.
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Assessoria de Comunicação do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)