Rodovias RS-471 e RS-392 devem sofrer modificações na sinalização, além de terem horários de pico ampliados
Foi realizada, ontem, a primeira reunião de trabalho do Plano de Ação Safra de Soja 2015, com objetivo de garantir a segurança e a agilidade do escoamento pelo porto do Rio Grande, minimizando os impactos da movimentação nas estradas e no interior da cidade.
O movimento mais intenso é esperado entre os meses de abril e agosto, quando cerca de 80% da carga chegará ao local, principalmente pelo modal rodoviário. A projeção é de que a safra gaúcha de soja seja de mais de 14 milhões de toneladas.
Na ocasião, foram propostos pequenos ajustes para evitar entraves durante o transporte das cargas. Entre as melhorias analisadas, está o aperfeiçoamento das sinalizações da RS-471 e da RS-392, principais rodovias de acesso ao local, além da ampliação em trinta minutos do horário de pico desta última. Com isso, os terminais se comprometeriam em reduzir a chamada de caminhões até às 19h30.
De acordo com o diretor-técnico do Porto do Rio Grande, Darci Tartari, a proporcionalidade entre os modais de chegada deve se manter, com predominância do rodoviário sobre o ferroviário e o hidroviário. "A safra deve ser recorde, o que, assim como o aumento do plantio da metade sul, nos coloca um desafio maior do que no ano passado. Mas temos ferramentas, como a experiência dos sistemas de agendamento e a distribuição do processo em até cinco meses, que nos dão tranquilidade", destaca Tartari.
A contratação da dragagem de manutenção, uma das principais reivindicações da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) em relação à estrutura do Porto, está em andamento. O consórcio vencedor da licitação, que engloba as empresas Jan de Nul e Dragabras, deve apresentar os projetos básico e executivo antes do início das obras. "Temos a expectativa de que em quatro ou cinco meses a draga já esteja operando no Porto, assim que forem vencidas as questões operacionais", projeta Tartari. O investimento total de R$ 370 milhões será disponibilizado pela Secretaria Especial de Portos, do governo federal.
Até o momento, em 2015, 500 mil toneladas passaram pelo Porto do Rio Grande. No ano passado, foram movimentadas 10,9 milhões de toneladas de soja. As exportações em grão somaram 8,3 milhões de toneladas, ou seja, 75% do total. O restante ficou parcelado entre as apresentações em farelo, com 2,2 milhões de toneladas, e óleo, com 220 mil toneladas. O modal rodoviário foi o preferido, transportando 6,7 milhões de toneladas até o local por meio de mais de 198 mil caminhões. Na sequência, apareceram o ferroviário (1,4 milhão de toneladas) e o hidroviário (334 mil toneladas).
Logística hidroviária poderia economizar R$ 5,71 por saco de soja, aponta estudo da Farsul
Os produtores do Rio Grande do Sul poderiam receber R$ 5,71 a mais por saco de soja se as condições logísticas unissem transporte eficiente, interligado e baseado em hidrovias, segundo estudo da Assessoria Econômica da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Considerando que o Estado deve exportar 129,4 milhões de sacos de soja nesta safra, a perda dos agricultores por conta do frete foi de R$ 738,6 milhões somente em 2014/2015.
Atualmente, são gastos US$ 61,58 por tonelada, para levar a carga do Noroeste do Estado até o porto do Rio Grande e enviá-la para Xangai, na China, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Por outro lado, se as hidrovias fossem o principal meio de escoamento, o valor cairia para R$ 23,53, uma redução de 62%, o equivalente a aumentar a produtividade em quatro sacos por hectare de soja, com os mesmos custos de produção.
Enquanto o Brasil utiliza rodovias para transporte de 53% da produção de soja para exportação, os Estados Unidos optam por esse modal para apenas 5%. Quase dois terços da carga norte-americana chega ao porto por hidrovias, que conta ainda com um sistema integrado de ferrovias, por onde passam 35% da oleaginosa. "Queremos chamar a atenção para esse modelo que privilegia hidrovias", afirma o economista da Farsul, Antonio da Luz, citando que apenas 11% da produção é escoada através delas no País.
Estima-se que o transporte hidroviário seja 44% e 84% mais barato do que o ferroviário e o rodoviário, respectivamente. O estudo defende que o escoamento é mais rápido por conta da maior capacidade de barcaças em comparação com caminhões - além de contribuir para o trânsito nas estradas, reduzindo engarrafamentos, acidentes e emissão de poluentes.
De acordo com o USDA, quando a soja parte de Minneapolis (EUA) em direção a Xangai, percorrendo 2,7 mil quilômetros, o gasto por tonelada para cada quilômetro é de R$ 0,11. Partindo do Noroeste do Rio Grande do Sul, percorrendo 461 quilômetros até o porto, o custo é de R$ 0,31, praticamente o triplo. Essa defasagem leva em conta ainda a pressão sobre o sistema logístico que os EUA criaram a partir das 20 milhões de toneladas produzidas a mais em 2014, que favoreceram aumento do custo do transporte de 25% no último ano. Ou seja, em condições normais, o custo norte-americano é ainda menor.
Analisando as perdas dos produtores do Brasil, o preço da ineficiência chega a R$ 9,6 bilhões. "Além dessas perdas serem bastante significativas para a economia brasileira, elas têm crescido a uma taxa média de 6% ao ano", aponta Luz. Se as perdas continuarem crescendo a essa taxa, o valor acumulado chegará a R$ 1,009 trilhão em 35 anos.
Veículo: Diário do Comércio - MG