Brasília planeja elevar preço mínimo do trigo

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Preocupado em estimular o plantio da nova safra de trigo para evitar eventuais complicações com o abastecimento do mercado interno, o governo avalia elevar o preço mínimo para R$ 520 por tonelada, apurou o Valor. Ao mesmo tempo, a pedido de indústrias e moinhos, avalia manter a isenção do imposto de importação e a desoneração do recolhimento de PIS-Cofins do trigo. 

 

O novo preço mínimo está sob responsabilidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a manutenção da desoneração das compras externas tem sido analisada pelo Ministério do Desenvolvimento. 

 

Em franca recuperação após anos de desestímulo das cotações internacionais, os produtores de trigo querem um preço mínimo de R$ 600 por tonelada e garantias de R$ 2,5 bilhões em recursos para operações de pré-custeio a partir de março e de pré-comercialização em agosto deste ano. O segmento também quer aumentar de 70% para 75% os subsídios ao prêmio do seguro rural, além de uma cobertura mínima de 70% da produtividade da média histórica. 

 

O setor também quer ampliar a cobertura do seguro rural para 75% do valor financiado. "A partir de maio, tem que vir trigo de fora, mas o governo precisa cuidar para não derrubar os preços internos e não desestimular o plantio", diz o presidente da federação gaúcha das cooperativas agropecuárias (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto. "Estamos ainda apreensivos com alguns detalhes, mas os passos seguintes estão nas mãos do governo, que recebeu bem nossas propostas até aqui". 


O governo estima a necessidade importar 1 milhão de toneladas de trigo até agosto, quando começa a entrar a safra brasileira no mercado. Como existem estoques de passagem relativamente confortáveis, é menor o temor sobre um eventual desabastecimento. "Há escassez de trigo, mas não podemos abrir muito para as importações nem formar estoques exagerados", defende o secretário de Agricultura do Paraná, Valter Bianchini, que participou ontem da reunião da Câmara Setorial de Culturas de Inverno. Ex-secretário nacional de Agricultura Familiar, Bianchini diz que a política para o trigo será fundamental para garantir a manutenção da renda aos produtores afetados pela forte seca no Paraná. "Podemos garantir renda em vez de fazer novas renegociações ou gastar com bônus de dívidas". 

 

Os membros da câmara setorial avaliaram ontem que o setor privado tem estoques de 3 milhões de toneladas de trigo, o que se somaria a 1,5 milhão de toneladas dos estoques oficiais. "A margem de abastecimento é bastante confortável", diz Rui Polidoro. Caberia ao governo, segundo ele, fazer uma "calibragem" na medida certa para garantir uma intervenção efetiva no setor. (MZ)

 

Veículo: Valor Econômico


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