Doçaria e supermercados brigam pela Páscoa

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A disputa palmo a palmo pela atenção dos clientes para a Páscoa deste ano promete ser maior, já que de um lado as grandes redes supermercadistas deverão começar a oferecer prazo de até um ano para o pagamento de ovos de Páscoa de marcas tradicionais [Nestlé, Lacta e Garoto], enquanto redes especializadas em chocolates e doces, como Cacau Show, Kopenhagen e Brasil Cacau apostam em produtos de maior valor agregado e sabores exóticos. As vendas de Páscoa sinalizam um período favorável para esse mercado, pois somente em empregos temporários são esperadas 25 mil vagas, das quais cerca de 70% só no varejo.

 

Otimista com as vendas, a Cacau Show resolveu dobrar a linha de produção para atender a expectativa de uma forte demanda nesta Páscoa, e está agora com 600 empregados. Somente para a campanha de marketing do período, a empresa resolveu destinar uma verba publicitária 100% maior que a do ano passado. Segundo Alexandre Tadeu da Costa, presidente da Cacau Show, o faturamento este ano poderá chegar a R$ 270 milhões, ante R$ 165 milhões do ano passado. "65% das encomendas das lojas já foram entregues", declarou Costa. O executivo afirma que, nas lojas da rede, a perspectiva é de que se contratem, nos próximos 15 dias, cerca de 2,5 mil temporários "para dar conta das vendas", afirmou.

 

Sobre a concorrência com as redes supermercadistas, como o Grupo Pão de Açúcar e o Wal-Mart, que venderão ovos de chocolate em até 12 prestações e que podem atrapalhar o volume de vendas da sua rede de franquias, Alexandre Costa é enfático: aposta em novidades como chocolates com maior porcentagem de cacau. "Fui para a Bélgica ano passado e trouxe novidades, chocolates com alto teor de cacau, oriundos da Bahia, da Costa do Marfim e de Uganda [na África]". Ele diz que a demanda por chocolates especiais tem aumentado e "alguns consumidores já veem o produto como bom vinho".

 

Outro produto que o executivo destaca é o panetone trufado, que teria tido excelente desempenho de vendas em dezembro, e até faltado nas prateleiras. "A crise não nos atinge porque nosso produto custa pouco. Não deixamos de vender trufas a R$ 1,50. As pessoas deixam de comprar casa, mas não de agradar a si mesmas."

 

Expansão

 

Afoita por aumentar sua presença geográfica no mercado, a Cacau Show, que hoje detém 644 lojas, tem a expectativa de chegar a 2010 com mil unidades. No ano seguinte, a meta é começar a abertura fora do País. "Queremos abrir primeiramente na América do Sul, provavelmente na Argentina e no Chile. Depois chegaremos aos Estados Unidos e, por último, à Europa. Com certeza estaremos na Suíça e na Bélgica, mecas do chocolate", prevê o presidente da rede de franquias, que quer chegar até o fim de 2009 com mais 200 lojas, totalizando 800 pontos. "O crescimento do começo do ano até agora foi de 34 lojas. Ano passado, foram 229."

 

Para dar suporte ao plano de crescimento, a fábrica da Cacau Show dobrará e deve chegar a 36 mil metros quadrados. "A crise afetou a construção civil, e para nós foi positivo. Antes o orçamento da ampliação era de R$ 20 milhões. Hoje consegui negociar a R$ 6 milhões a menos. Quem tem dinheiro nesta época, é rei."

 

Supermercados

 

A aposta do Grupo Pão de Açúcar para a Páscoa é a exclusividade da marca Qualitá (produzida pela Cacau Show) e a marca própria Pão de Açúcar. Tanto que houve um aumento, na linha de produtos Qualitá, de 15 para 25 itens, e o licenciamento de brinquedos.

 

Wellington Juliane, gerente de Desenvolvimento de Produtos de Marcas Exclusivas do Grupo Pão de Açúcar, disse ao DCI que as ações de marketing já começaram, 50 dias antes da data sazonal, em um tipo de "pré-Páscoa", com ovos de menor gramatura -40 e 80 gramas- e com preço máximo de R$ 2,99. "Temos planos de aumentar as vendas das marcas exclusivas em torno de 50%. O novo portfólio traz oito personagens e brindes atrativos, como carrinhos de metal."

 

De acordo com Juliane, embora ainda esteja em curso o mês de fevereiro, os pontos-de-venda começam a ser preparados com displays e cartazes para ajudar a escoar as 25 variedades de produtos de Páscoa da Qualitá e a linha premium. "A marca própria traz sabores exóticos. A linha Taeq, que terá na mistura do chocolate itens como colágeno, traz a versão light e minitabletes de chocolate para incentivar o consumo", ressalta o executivo.

 

Já no concorrente Wal-Mart, a previsão é crescer 15% em vendas de chocolates, tanto que, a partir do dia 25 de fevereiro, os consumidores já encontrarão nas lojas as novidades deste ano, e, além de ovos de chocolate, poderão adquirir colombas, caixas de bombons e miniaturas de personagens de cinema. Outra aposta são os produtos de marca própria, que triplicaram em relação ao ano passado, além de produtos associados aos times paulistas.

 

Setor

 

Procuradas, várias redes de lojas especializadas disseram que não fariam previsões das vendas de Páscoa deste ano, não por medo de fraco desempenho, mas por ser esta a postura da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

 

Todas, porém, afirmam que a expectativa é de um desempenho melhor que o de 2008, quando comercializaram 22,9 mil toneladas. Os dados do setor serão apresentados depois do carnaval. "As indústrias focaram em investir mais para obter aumento da eficiência das linhas de produção", disse Getúlio Ursulino Netto, presidente da entidade.

 

Veículo: DCI


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