A Marisol, uma das maiores indústrias brasileiras do setor de vestuário, vai investir pelo menos R$ 18 milhões este ano na modernização dos parques fabris, aquisição de máquinas e equipamentos e em atualização da tecnologia da informação. "A cifra poderá elevar-se a R$ 26,6 milhões, a mesma do ano passado, caso a conjuntura permita", disse o presidente da empresa, Giuliano Donini.
De acordo com o executivo, o momento é de insegurança e o crescimento do desemprego é uma das maiores preocupações. "O grande desafio é entender como vai ser 2009. A Marisol está vivendo muito mais o dia-a-dia do que em cima de perspectivas", disse. Donini afirmou que os investimentos já deveriam ter sido iniciados, mas a empresa os postergou para junho, enquanto espera um cenário mais bem definido.
A Marisol comercializa agora a coleção outono/inverno e torce pelo frio, uma das premissas para boas vendas. A produção vai ficar um pouco acima da realizada no ano passado, com a utilização de 70% a 75% da capacidade instalada. "Antecipamos nosso calendário de vendas para a próxima temporada em três semanas para nos manter ocupados" disse.
Segundo Donini, o plano de expansão das marcas permanece em 2009 no mercado interno. Para as marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, a previsão é de que sejam abertas 15 novas lojas. Para a Rosa Chá estão previstas cinco e a One Store são 23, que foram negociadas no final do ano passado. Para a recém-adquirida Baby Sol estão desenhadas 14 novas franquias. "O varejo não está ruim, a crise na economia real está se refletindo em poucos segmentos e boa parte do consumo de automóveis e eletrodomésticos migrou para o vestuário", disse.
O empresário informou que as unidades localizadas no exterior, (Rosa Chá nos Estados Unidos e Lilica Ripilica na Itália) serão mantidas, apesar de estarem registrando prejuízo. "Se sairmos desses mercados, será muito difícil voltar", disse. Donini afirmou que até agora o desempenho no mercado interno absorveu o resultado negativo no exterior. "Esperamos ter fôlego para na crise ocupar espaço dos outros e quando o mercado reagir estaremos prontos para crescer."
No ano passado, a Marisol concluiu a implementação do plano de reestruturação e registrou lucro líquido consolidado de R$ 21,35 milhões, 122% maior do que o ganho líquido de R$ 9,6 milhões apurado pela empresa em 2007. "A reação aos ajustes feitos em 2007 foram muito fortes em 2008", disse o diretor financeiro do grupo, Devanir Danna. Segundo ele, a melhora no resultado se deveu principalmente a uma forte redução nas despesas gerais e administrativas, que tiveram queda de 59% na comparação anual, para R$ 20,04 milhões.
A receita líquida da empresa somou R$ 352,65 milhões em 2008, com avanço de 8,2% sobre o ano anterior, enquanto o custo dos produtos vendidos aumentou 12%, para R$ 227,88 milhões. O resultado da Marisol medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) atingiu R$ 55,6 milhões no ano passado, um salto de 111% sobre o exercício anterior.
Devanir Danna disse que há espaço para crescer mais, fruto ainda do processo de reestruturação implantado. "Transferimos parte da produção para o Nordeste e agora que vamos obter os resultados mais redondos, já que no primeiro semestre do ano passado, ainda tivemos problemas de readequação, como atraso na entrega de pedidos", explicou. O executivo disse que a empresa não concedeu férias coletivas no final de 2008 e início deste ano. Ao contrário, devido à forte demanda, enfrentou dificuldades em dar férias legais aos funcionários. No quarto trimestre do ano passado o faturamento da empresa foi de R$ 123,92 milhões, 16,18% superior ao mesmo período de 2007.
veículo: Gazeta Mercantil