As empresas de navegação comercial têm anunciado ajustes tanto no valor do frete quanto na capacidade das operações, especialmente nas conexões marítimas que envolvem a Ásia e a Europa, para dar conta da turbulência econômica que a agita os mares desde o ano passado. A francesa CMA GCM, por exemplo, comunicou ontem que deve ajustar as tarifas de diversas rotas que incluem o trade Ásia/Europa, além dos percursos que abrangem a América Latina e o Caribe.
O consórcio Asia Express, formado pela Compañia Chilena de Navegación Interoceánica (CCNI) e pela alemã Hamburg Süd com a também europeia MSC, sediada em Genebra, divulgou, ontem, a redução na capacidade de suas operações nas rotas da Ásia para o México e no oeste da América do Sul.
"No geral, os ajustes estão ocorrendo em função da crise: alguns armadores estão adequando sua capacidade à queda que ocorreu nos volumes de carga quase que no mundo todo", disse, ao DCI, Glen Gordon Findlay, presidente da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar).
Findlay comentou que a agitação do mercado atingiu as operações com países da Europa e da Ásia, além dos Estados Unidos, mas que é necessário um olhar mais detalhado ao tipo de carga transportado e ao mercado a que ele atende. "É uma forma também de adequar os custos", disse, ressaltando que "cada caso é um caso" e que o mercado que o executivo mais estuda é o de contêineres.
Ajustes
No comunicado divulgado ontem pela CMA CGM, a companhia afirmou que "decidiu aplicar uma taxa de recuperação em suas principais rotas comerciais para o 2 º trimestre de 2009, a partir de 1º abril de 2009".
Nos valores apontados pelo armador francês foram citados incrementos de US$ 100 a US$ 350 a mais por contêiner de 20 pés (medida-padrão), para o mercado Ásia /Europa. Também estão listados nos ajustes mercados como a América Latina e o Caribe.
A frota naval mundial é responsável por cerca de 80% do transporte global de cargas, restando uma pequena parcela aos modais ferroviário e aéreo.
No final do ano passado, a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) divulgou que o custo do frete marítimo havia caído mais de 90% no transporte de commodities, depois de forte alta apurada no início do ano passado, em decorrência da alta do preço do petróleo, na época, que elevou o custo do bunker (combustível para navios).
O levantamento do Unctad apontou a Ásia como o mercado mais forte no transporte marítimo internacional, sendo a China o principal polo, seguida por regiões como Cingapura e Hong Kong.
Os principais países europeus na atividade são a Alemanha, sede da Hamburg Süd, e a Holanda. O Brasil é um dos grandes conectados à rede mundial de portos, juntamente com o México e o Panamá.
Um dos principais atores desse complexo esquema de comércio global, o consórcio Asia Express, que reúne empresas de navegação comercial europeia e a companhia chilena CCNI, anunciou, na última semana, uma redução da capacidade das operações que englobam as rotas da Ásia para o México e também para o oeste da América do Sul.
Conforme o consórcio, o ajuste é temporário -até o mês de agosto-, mas poderá ser revisto em junho próximo, caso haja melhora do panorama, com a possibilidade de as operações voltarem à normalidade.
Ao todo serão diminuídos, com efeito imediato, cerca de 2,5 mil TEUs de capacidade semanal (um TEU, twenty-foot equivalent unit, equivale à capacidade de um contêiner de 20 pés de comprimento).
Brasil
Na contramão dos serviços internacionais, a Aliança Navegação e Logística, que hoje integra do grupo Hamburg Süd, revelou uma substituição de embarcações que elevará de 20% a sua capacidade no transporte de cabotagem (navegação costeira) no Brasil.
Em 2009, a companhia trocará duas embarcações de 1,2 mil TEUs de capacidade por navios maiores, além de nacionalizar o Aliança Santos e iniciar a operação do Aliança Manaus, ambos podendo abrigar até 2,5 mil TEUs cada um.
As alterações devem aquecer as operações internas, como, por exemplo, o serviço entre Manaus e Santos, com a opção de estender o percurso até Buenos Aires. Aqui, a companhia conseguiu aumentar para R$ 2,4 bilhões o faturamento de 2008, contra os R$ 2,2 bilhões ganhos no ano anterior.
Veículo: DCI