Excesso de chuva causa prejuízo no trigo

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                                                                       Chuvas podem levar a perdas de 50% do trigo no Rio Grande do Sul.

Com o excesso de chuvas no Sul do País, os produtores começam a contabilizar o prejuízo na produção de trigo. Nas regiões produtoras, o preço da commodity já é 40% maior do que na safra 2014/2015, de acordo com a Consultoria Safras & Mercados.

O Brasil deve produzir 350 mil toneladas do grão a menos em 2016, e aumentar a dependência dos importados. No Paraná, a Secretaria de Agricultura reviu a estimativa de produção da commodity para baixo. Inicialmente, a projeção era de quatro milhões de toneladas. Agora, a produção deve ficar entre 3,5 a 3,6 milhões de toneladas para 2015/2016.

"Estamos concluindo a colheita do Centro ao Sul do estado. Essas lavouras são mais tardias, e, em alguns casos, estão comprometidas por conta da alta umidade. O trigo pronto para colher é afetado", diz o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná, Francisco Carlos Simioni.

O excesso de chuvas entre o final de julho e os meses de agosto e setembro e uma geada nos dias 12 e 13 do último mês foi o que prejudicou a colheita. Além da quantidade, a qualidade da produção do trigo por ser afetada. "O El Niño já vinha sendo anunciado desde o começo do ano. Então, o produtor já vem numa toada de planejamento adequado porque sabe que terá esse tipo de problema", conclui Simioni.

No Rio Grande do Sul, as perdas na produção podem superar os 50%, de acordo com o diretor da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim. A estimativa inicial para o estado gaúcho entre 2,7 a 3 milhões de toneladas. Agora, é chegar a 1,5 milhões de toneladas. "Estes dois fatores associados [chuvas e geada] vão reduzir a safra gaúcha em cerca de 50%, o que acarreta em quantidade e também em qualidade", analisa.

Para o futuro, segundo Jardim, a projeção para o Rio Grande do Sul é ruim. "Nessa perspectiva, os prejuízos continuam. Perda de qualidade é perda de peso pelo grão deteriorado. E as condições para o futuro não são das melhores", relata ele.

Com um cenário de menor produção nos dois estados do Sul, que juntos somam 95% da produção brasileira de trigo, aumenta a dependência da importação para o Brasil.

A projeção da Consultoria Safras & Mercados para 2015/2016 é que o país chegue a 5,95 milhões de toneladas de trigo, contra 6,3 milhões do período 2014/2015. Já a importação deve passar de 5,9 milhões de toneladas no último ano para 6,5 milhões de toneladas em 2016.

"Vamos ter uma necessidade aumentar a importação e o preço já está maior 40% nas regiões produtoras. A tendência é que siga em elevação, principalmente por conta da questão cambial", afirma o analisa de mercado da Safras & Mercados, Elcio Bento.

Para não elevar o preço do para o consumidor final, o governo federal poderia atuar no mercado, o que fica inviável pela falta de estoque. Outra alternativa é reduzir o imposto de importação do trigo em grão do Hemisfério Norte, o que provocaria impacto de apenas 10% no preços do grão. "Mas em ano de ajuste fiscal, é difícil que o governo faça isso", diz Bento.

A dificuldade com trigo é acentuada também pelos países do Mercosul, que, de forma geral, enfrentam problemas climáticos. "O Uruguai está com uma safra muito ruim, assim como a Argentina. Já o Paraguai está com uma boa produção. Mas há oferta menor no Mercosul", resume Bento.

Arroz

A dificuldade enfrentada com o plantio de trigo também começa a alarmar os produtores de arroz no Sul. "Essa intranquilidade com o clima atrasou um pouco o plantio com o arroz. Por outro lado, ficamos com bastante reserva hídrica. Muitas vezes se tem área, mas não tem água para o plantio", analisa o diretor da Farsul, Francisco Lineu Schardong.

Apesar de parte das lavouras estarem inundadas, Elcio Bento acredita que a produção de arroz pode se recuperar no restante da safra atual. "Já vimos anos em que ocorreram chuvas em excesso e a produção se recuperou", lembra o analista.

 



Veículo: Jornal DCI


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