Empresas convivem com queda na receita, demissões e aumento de até 70% no preço de insumos importados.
A indústria eletroeletrônica de Minas Gerais está praticamente parada, contabilizando demissões e perda de receita. Além disso, apesar de a valorização do dólar frente ao real beneficiar os exportadores, a maior parte do setor sofre com a alta de 60% a 70% no preço dos insumos importados.
"O segmento está paralisado. Estamos com uma carga demissionária enorme. E com grande perda de faturamento em relação ao ano passado, que já não foi bom, e as perspectivas para 2016 não são boas. Ao contrário, estamos muito preocupados", afirma o diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Alexandre Magno D"Assunção Freitas.
De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que, segundo Freitas, são os melhores para ilustrar a situação do segmento, os fabricantes de máquinas e materiais elétricos registraram queda de praticamente 7% na receita no acumulado deste exercício até setembro na comparação com o mesmo intervalo de 2014. Já em termos de emprego, houve retração de pelo menos 3,7% no número de vagas.
De acordo com o diretor regional da Abinee, no País o faturamento da atividade até setembro caiu 25% e o déficit na balança comercial do segmento alcançou US$ 20,9 bilhões no período. "A indústria de eletroeletrônicos passa por um momento complicado e os movimentos do governo não colaboram para melhorar esse quadro", lamenta.
Nesse sentido, ele critica a posição do governo federal de aumentar a arrecadação através da elevação dos impostos, o que, para ele, causa efeito contrário ao esperado, ao desestimular as empresas e os investimentos. "Aumentar impostos dessa forma é estrangular a indústria. O Brasil está parado nessa crise política", diz.
O diretor da Abinee acrescenta que, como o mercado retraiu drasticamente e os custos aumentaram, o capital de giro das empresas começou a ser prejudicado. Essa situação agravou o quadro de demissões que já vinha ocorrendo no setor desde o início deste ano, mesmo com as empresas lutando para manter os níveis de emprego, na tentativa de segurar mão de obra qualificada.
Dólar - No que diz respeito ao dólar, Freitas lembra que a valorização da moeda norte-americana tem dois lados distintos. "Para quem exporta foi bom porque melhorou a competitividade do produto brasileiro lá fora. Por outro lado, quem trabalha com insumos importados está sofrendo com um aumento de 60% a 70% nos custos", explica.
A indústria elétrica e eletrônica é composta por vários segmentos, como geração, transmissão e distribuição de energia, telecomunicações, automação industrial, eletroeletrônicos e informática. Porém, os problemas afetam praticamente todos. Conforme o diretor regional da Abinee, a única área que está conseguindo ter um desempenho um pouco melhor é a de smartphones, tablets e informática.
Mesmo diante do cenário adverso, o dirigente conta que os empresários têm tentado ser criativos, investindo na qualidade de produtos, na redução de custos de produção e até na modernização em alguns casos. "Apesar dos problemas, o empresário está tentando", destaca.
Nas contas da Abinee, todos os segmentos que compõem a indústria elétrica e eletrônica do Estado geram de 12 mil a 15 mil postos de trabalho diretos. Ao todo, calcula-se que são aproximadamente 200 empresas do setor e Minas representa entre 7% e 8% do todo o parque nacional.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG