Marca própria é boa opção também fora do supermercado

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Setor, que tem 5% de participação em vendas, só não desponta no País por falta de conhecimento do cliente e desinteresse de algumas redes em investir em publicidade.

Muito além dos supermercados, os produtos de marca própria se mostram uma boa opção para outros segmentos do varejo. De acessórios a calçados, a modalidade de venda é atrativa - quando não pelo preço inferior , pela exclusividade do produto ao consumidor.

Atualmente, o segmento de marca própria responde por 5% de participação no volume de vendas no varejo e, por serem mais baratos - cerca de 20% abaixo das marcas tradicionais, despontam no gosto do consumidor em função de preço baixo e qualidade. Na rede de produtos naturais Mundo Verde, por exemplo, a linha de marca própria tem ganhado destaque e, segundo o proprietário da marca, Carlos Wizard, ele pode chegar a representar um terço do mix da loja. "Hoje são 70 itens de marca própria e a meta, até o final deste ano, é que chegue a 100", afirmou ele ao DCI.

A questão da saúde em primeiro lugar foi levantada pelo empresário. Ele afirmou que, mesmo alguns itens sendo mais caros, o consumidor não abre mão de consumi-los. "Nem sempre os produtos de marca própria são mais baratos e o consumidor não se importa em pagar um pouco mais, pois sabe da qualidade dos produtos", explicou Wizard.

Mesmo com a porcentagem pequena dessa categoria, já que a rede tem quase três mil itens a venda, eles são estratégicos. "É um investimento nosso em conjunto aos nossos fornecedores. Não acredito ser possível ter 100% de marca própria devido a escala. Os itens de alta demanda sim, mas os de menor procura não vale o investimento", disse ele ao explicar que há também os artigos que vem de outros mercados está o Goji berry, hoje líder de venda.

Novos conceitos

Com grande concorrência, o mercado de semi-joias e bijuterias também possui casos interessantes de quem vende muito bem linhas próprias. "Temos as linhas atemporais que são importantes para as marcas Morana e Balonè. Mas nossos diferenciais são as coleções lançadas mensalmente, criadas com exclusividade para as marcas", afirmou a gerente de marketing das empresas, Marcia Teodoro. Ela explicou que seus fornecedores desenvolvem peças baseadas nos pedidos das marcas e que são exclusivas ao cliente da rede.

Pertencentes ao Grupo Ornatus, ambas tem apelo de moda em seus produtos, mas na Balonè ele vem agregado ao conceito de fast fashion. "A consumidora vai encontrar produtos da marca Balonè diferentes toda semana", explicou ela. Essas medidas fazem com que as redes despontem entre as marcas mais procuradas pelas consumidoras para a compra de acessórios.

Outro benefício aos varejistas que apostam na venda de itens de marca própria está no rápido abastecimento das lojas, conforme explicou o diretor da rede de franquias It Beach, Frederico Escobar. "Pela produção ser própria conseguimos entregar de forma mais rápida os produtos ás franquias. Além disso, temos maior fôlego no lançamento de produtos, diferente das demais marcas de calçados", afirmou Escobar. A marca também aposta no conceito de fast fashion e semanalmente tem um produto novo nas lojas. "Temos uma equipe nossa que desenvolve os produtos com antecedência e que nos ajuda nesse diferencial", argumentou ele.

Outro caso interessante é o da Staples, que abre neste mês sua loja no Brasil, localizada em São Paulo. Hoje a empresa tem cerca de 500 produtos de marca própria, a linha Staples®, presente em 45% dos carrinhos de compras da atual base de clientes, sendo seu carro chefe as de cadeiras para escritório

Supermercados

Dados apurados pela Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro) em parceria com as principais empresas de pesquisa do País, apontam que de julho de 2014 até julho deste ano 61% dos lares brasileiros levaram para casa produtos de marca própria. Desta forma essa categoria chegou ao lar de 31,1 milhões de brasileiro no período de um ano. No setor supermercadista, por exemplo, essas categorias têm papel importante para o sortimento das redes conforme explicou ao DCI a presidente Abmapro, Neide Montesano. "As empresas fizeram a lição de casa e levaram as marcas próprias a outro patamar", disse.

Já na opinião dos analistas de mercado da Nielsen, Jonathas Rosa e Felipe Santarosa, as redes supermercadistas deveriam dar importância igual a marca própria e aos produtos da grande indústria. "Os de marca própria são estratégicos para as redes e apresentam boa rentabilidade", disse Rosa.

O maior desafio ao setor é que as redes de supermercados tem que desenvolver os fornecedores algo que demanda tempo. "Não é fácil encontrar fornecedores capazes de atender a demanda. As redes tem que desenvolver esses produtores e em média contam com mais de um em cada categoria para que não tenha ruptura", explicou Rosa.

Dados da Nielsen apontam que, no acumulado do ano, o setor não apresentou variação de participação, ficando em 5,1%. Além disso, a pesquisa identificou que 56% dos consumidores afirmaram que associam a marca própria a produtos de qualidade, mas ainda há quem pense que o item é uma categoria consumida por quem está com o bolso apertado.

Segundo Santarosa essa premissa não é verdadeira já que essa categoria é comprada mais por consumidores de maior poder aquisitivo. "O maior consumo vem de São Paulo e são os compradores são de maior poder aquisitivo. Isso está condicionado a experimentação".

 


Veículo: Jornal DCI


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