Crise não deve afetar venda de ovos de Páscoa

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A queda na renda familiar e a revisão do orçamento doméstico, cenário provocado pela crise, não vão afetar as vendas de óvos de Páscoa no Estado. Segundo estimativas da Associação Mineira de Supermercados (Amis), esse mercado deve registrar crescimento entre 8% e 10% este ano na comparação com 2008, podendo chegar a 15%, segundo revelou alguns supermercadistas instalados em Minas Gerais.

 

De acordo com o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, o crescimento nas vendas será sustentado, em primeiro lugar, pelo apelo da data e, em um segundo momento, pela ampliação do mix de produtos, sem contar com as ofertas. "A indústria do chocolate disponibiliza diversos tipos de ovos. Dietéticos, com baixo teor calórico, sem adição de leite, com brinquedos, entre outros", disse.

 

Nem mesmo o aumento no preço dos ovos, estimado em 8% pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), é visto como entrave. Na avaliação de Rodrigues, apesar do aumento do preço, o baixo custo deve continuar sendo um aliado do setor para enfrentar esse momento de turbulência da economia. "Na briga por fatias maiores do mercado, os comerciantes reduzirão as margens de lucro, puxando para baixo os valores finais dos ovos."

 

O grupo Pão de Açúcar, que controla a rede de hipermercados Extra, com três lojas em Belo Horizonte e uma em Contagem, aposta na comercialização de produtos de marca própria para incrementar em 15% as vendas de ovos de páscoa na comparação com o mesmo período anterior. Dados da empresa apontam que as marcas exclusivas - Taeq e Qualitá - possuem preços 50% inferiores aos praticados pelas demais.

 

A ampliação de mix foi outro ponto citado pelo grupo como alavanca de vendas. A rede oferece 250 opções de ovos. Destas, 30 são licenciadas com personagens infantis, "recheados" com brindes. Há, ainda, uma versão light do produto. Ao todo, a expectativa é de que mais de 2 mil toneladas de chocolates sejam vendidos até a Páscoa.

 

A rede Carrefour, com três lojas em Belo Horizonte e uma em Contagem, também aposta na redução do preço final para atrair clientes e incrementar as vendas em 14% frente ao exercício anterior. No entanto, a estratégia está associada ao volume negociado junto aos fornecedores. Aproximadamente mil toneladas de ovos de Páscoa foi comprada para abastecer as 155 lojas da rede, espalhadas por 17 estados.

 

A previsão é de que a comercialização de itens de marca própria no intervalo represente 15,5% do total, o equivalente a 155 toneladas. Além das opções de marca exclusiva, a empresa vende ovos de Páscoa dos principais fornecedores do país. A novidade para 2009 é a linha licenciada com personagens infantis. A rede vai focar, ainda, nas caixas de bombons, bastante procuradas no período. Cerca de 3 milhões de unidades devem ser comercializadas.

 

Assim como no grupo Pão de Açúcar, a projeção de crescimento da rede Wal-Mart Supercenter frente ao mesmo intervalo anterior é positiva. No entanto, a rede vai financiar a venda desses itens para atrair os clientes e aumentar os negócios em 14%. De acordo com informações do grupo, o pagamento poderá ser dividido em até três vezes.

 

Faturamento do setor deve somar R$ 828 mi

 

Apesar da crise econômica mundial e onda de demissões, o setor de chocolates está otimista. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) mostram que a produção de ovos de Páscoa aumentou em 2009.

 

Foram fabricados 113 milhões de ovos (24 mil toneladas do produto). Em 2008, foram 100 milhões - aumento de 13%. Os dados levam em conta as 18 maiores fabricantes no país. Em termos de toneladas, a produção de ovos de chocolate terá um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior. O faturamento previsto do setor é de R$ 828 milhões - no ano passado foi de R$ 767 milhões - aumento de cerca de 8%.

 

No entanto, o número de postos de trabalho gerados foi o mesmo do ano passado. Segundo a Abicab, foram gerados 25 mil empregos só na indústria. De acordo com a entidade, 7,5 mil vagas foram para a produção nas fábricas e 17,5 mil foram abertas pelas indústrias para os setores de transporte e montagem dos estandes nos supermercados, para demonstradores e fornecedores de brinquedo.

 

A Abicab informa que, apesar de o setor estar crescendo, as empresas estão atentas à crise e checam o mercado constantemente.

 

Pequenos fabricantes mantêm otimismo

 

As estimativas dos fabricantes de ovos artesanais também são otimistas para a Páscoa 2009. A diretora comercial da Doce Cacau, Flávia Falci Tavares, afirmou que a empresa projeta crescimento de 15% nas vendas dos ovos quando comparadas às do ano passado.

 

O aumento tem como base a abertura de duas novas unidades, uma no Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN), em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e outra na Cidade Jardim, na região Centro-Sul da Capital. Segundo a executiva, as inaugurações garantiram à marca, em fevereiro, faturamento 40% superior ao registrado em janeiro.

 

Outro ponto citado por Flávia Tavares como acelerador de vendas foi o fato de, este ano, a Páscoa ser comemorada no início do mês. "Dessa forma, a expectativa é de que o tiquete médio também aumente em 15%", afirmou.

 

Para sustentar a estimativa, a empresa irá produzir 11 toneladas de chocolate no período, 120% a mais do que em épocas não festivas. O número de funcionários também sofreu mudanças. De acordo com a executiva, 3 pessoas foram contratadas, passando para 11 o número de empregados voltados à produção.

 

O quadro de empregados seguiu na esteira do mercado de chocolates na Bombons Lalka. Para atender à projeção de crescimento de 15% frente a 2008, o número de pessoas na linha de produção saltou de 14 para 22. A quantidade fabricada não foi informada. A Lalka possui 16 unidades no país. Minas Gerais sedia 14 lojas, sendo que nove estão em Belo Horizonte.

 

O socioproprietário da empresa, Roberto Marques Grochowski, afirmou que, além de oferecer diversos tipos de produtos - light, dietético, trufado, crocante etc - a empresa apostou na personalização dos ovos. "A pessoa pode rechear o ovo da maneira que ela preferir. Há, por exemplo, a opção de inserirmos jóias no interior dos doces", explicou.

 

Com projeções mais modestas, porém, positivas, a previsão para a Fany Bombons é de vender 5% a mais nesta Páscoa frente ao ano passado. Na avaliação do socioproprietário, Moyses Balabram, a queda na confiança do consumidor vai restringir as compras e reduzir o tíquete médio. A Fany fabrica cerca de 200 quilos de chocolate por mês. Na páscoa, a produção salta para 600 quilos, aumento de 300%. (TM)

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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