Produtos menos saudáveis para o Brasil

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Uma pesquisa realizada em parceria pelo Instituto Alana e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor revela que as empresas multinacionais de alimentos infantis tratam de maneira diferente os consumidores brasileiros em comparação à relação que mantêm com o público europeu e americano. De maneira geral, esses fabricantes anunciam e vendem no Brasil produtos menos saudáveis do que os comercializados em países desenvolvidos. As companhias também adotam no país, segundo o estudo, publicidade muito mais permissiva do que a propaganda veiculada nas nações mais ricas.

 

Realizada entre janeiro e fevereiro deste ano para pressionar o governo federal a adotar restrições para a publicidade de alimentos infantis, o estudo analisou 10 multinacionais que fizeram publicidade em sites e na programação infantil da tevê no período analisado. Em nove das companhias, foi constatado “duplo padrão de conduta”, ou seja: produtos e anúncios feitos para o Brasil jamais poderiam ser veiculados lá fora, segundo a autorregulamentação que as multinacionais adotam nos Estados Unidos e na Europa. “Isso nos parece um comportamento preconceituoso em relação à criança brasileira”, afirmou Isabella Henriques, coordenadora-geral do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.

 

O trio de hambúrguer, batata frita e refrigerante pequenos vendido pelo Burger King no Brasil, por exemplo, jamais poderia ser vendido pela empresa no exterior por ter mais calorias, gorduras e sódio do que o considerado saudável pela própria empresa. Também o Danoninho daqui tem mais calorias e gorduras que o autorregulamentado lá fora por sua fabricante, apontou o estudo. Outro exemplo: a Nestlé, que assumiu compromisso mundial de não fazer propaganda de produtos não saudáveis para menores de 6 anos, mantinha sites de cereais matinais com joguinhos infantis.

 

O Brasil discute desde 2006 uma regulamentação específica sobre publicidade de alimentos industrializados e limites para quantidades de açúcar, gorduras e sódio. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu em consulta pública, por exemplo, que alimentos com excesso de açúcar são aqueles com 15g/100g ou 7,5g por ml ou mais. No caso de gordura saturada, os alimentos com excesso são aqueles com 5g ou mais da substância por 100g ou 2,5g por 100ml.

 

Em resposta aos dados da pesquisa, a Nestlé enfatizou já ter retirado do ar propagandas para menores de 6 anos. O Burger King disse que analisará a pesquisa. Já a Danone destacou compromisso em fornecer produtos equilibrados e que os teores nutricionais do Danoninho estão adequados a guias nacionais.

 

Veículo: Correio Braziliense


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