Falta de certificação prejudica venda brasileira de orgânicos

Leia em 3min 30s

A maior feira mundial de alimentação, a Anuga, que acontece na Alemanha, em outubro, foi lançada ontem no Brasil. Umas das tendências apresentadas no lançamento foi que o consumo de produtos orgânicos em mercados europeus é cada vez mais forte. Contudo, a falta de certificação dos produtores brasileiros é um empecilho ao aproveitamento desse mercado promissor.

 

Lauri Müller, representante da feira no Brasil, reconhece que "ainda engatinhamos neste mercado, apesar de ser tendência mundial. O Brasil exporta pouco para o mundo. O problema para exportar é a questão da certificação dos produtos". Ele reforça seu argumento dizendo que na América Latina não existem órgãos fortes que certifiquem os produtos, o solo e o manuseio dos produtos. "No Brasil ninguém prova que nosso vinho é vinho. Não existe órgão que dê credibilidade, por isto é difícil exportar."

 

Dados da Federação Alemã da Indústria de Alimentos e Bebidas apontam de que no ano passado a exportação de produtos wellfood (frutas e legumes orgânicos ou frescos) oriundos do Brasil movimentou R$ 7,7 bilhões. A Federação mostra que o destaque foi para suco de frutas e legumes - vendeu R$ 624 milhões, assim como frutas frescas e tropicais, que somaram R$ 207 milhões.

 

A pesquisa alemã dá conta de que o interesse dos alemães em consumir esses alimentos gira em em torno de 13,2 milhões de domicílios, mas apenas 4,2 milhões os consomem.

 

Falta volume

 

Renata Tozaki, coordenadora de inspeção da Organización Internacional Agropecuaria (OIA), empresa que que está presente no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos, diz que a produção brasileira é forte, mas a comercialização é muito fraca.

 

Do ponto de vista de Tozaki, "muita gente se diz natural e orgânico, mas não faz a certificação, e para o mercado isto é extremamente necessário".
"A grande dificuldade do produtor certificado é repassar os produtos ao consumidor. No caso de exportação, é preciso volume. No Brasil, os produtores são pequenos, não têm grandes volumes, apesar da demanda interna e externa ser muito grande". Ela destaca que o preço final é caro e a sazonalidade dos produtos é outra barreira que atrapalha os negócios.

 

Renata destaque que, somente no Brasil, a IOA tem 130 produtores certificados e a maioria dos produtos é de hortaliças e frutas. "O escoamento destes produtos vai para grandes redes como Pão de Açúcar e Carrefour. O restante é englobado por médios varejos e pelas feiras livres."

 

Tendências

 

Na Europa, as redes de supermercados, de acordo com Peter Grothues, tem a tendência de vender mais produtos desta natureza. "Uma boa rede de supermercados tem ao menos 150 a 500 itens orgânicos. Até mesmo redes tradicionais já têm espaço para estes produtos, principalmente nos últimos dois anos." revela o vice presidente.

 

O diretor de Marca Própria do Carrefour, Claudio Irie confirma a tendência também no Brasil, mas não revela números. "Essa categoria deve ganhar cada vez mais relevância em linhas de marcas próprias."

 

Segundo a organização, a Anuga apresentará, de 10 a 14 de outubro deste ano, na Alemanha, mais de 6 mil expositores de 100 países, em seus 300 mil m². A expectativa é ter visitantes de 170 países. "Serão 10 áreas temáticas, com destaque para o setor de bebidas, alimentação para terceira idade e para a Turquia, país convidado", ressalta Peter Grothues, vice-presidente da feira.

 

Para ele, "somente na feira de doces, que começou ontem na Alemanha, as 27 empresas brasileiras que participaram fizeram ao menos 1,3 mil contatos de alto nível e a possibilidade de negócios é de US$ 60 milhões".

 

Lauri Müller, representante oficial da Anuga no Brasil, informou que 85% dos espaços para brasileiros já estão ocupados. "Queremos ultrapassar os 4 mil m². O gasto médio será de R$ 7,5 milhões. Claro que a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos [Apex-Brasil] subsidia parte do investimento", explica. Em 2007, 150 empresas participaram da Anuga e giraram aproximadamente US$ 963 milhões em negócios na época.

 

Veículo: DCI


Veja também

Mesmo com açúcar em alta, aporte menor prejudica usinas

Mesmo com a aceleração dos preços do açúcar, o setor sucroalcooleiro terá um d...

Veja mais
Carrefour escolherá entre F/Nazca, Leo Burnett e Publicis

A líder do segmento supermercadista no País, Carrefour, poderá escolher hoje sua nova agência...

Veja mais
Lucro da Profarma soma R$ 31,6 mi e cai 32,7% em 2008

A Profarma Distribuidora de Produtos Farmacêuticos S.A., uma das principais distribuidoras da indústria far...

Veja mais
Grupo Pão de Açúcar inaugura loja da Taeq

O Grupo Pão de Açúcar inaugurou ontem a primeira loja da marca Taeq com conceito de loja dentro da ...

Veja mais
Produtos menos saudáveis para o Brasil

Uma pesquisa realizada em parceria pelo Instituto Alana e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor revela que as e...

Veja mais
No Brasil, qualidade pior

Alimentos infantis de multinacionais no País não seguem o padrão internacional   Fabricante...

Veja mais
Crise não deve afetar venda de ovos de Páscoa

A queda na renda familiar e a revisão do orçamento doméstico, cenário provocado pela crise, ...

Veja mais
Catarinense Buddemeyer prevê alta de 10% nos negócios

A Buddemeyer, fabricante de artigos de cama, mesa e banho, de São Bento do Sul (SC), espera crescer 10% em 2009, ...

Veja mais
O Poder da embalagem como ferramenta de marketing

Conhecimento das reais necessidades do consumidor e uso da embalagem como ferramenta de marketing são os dois pri...

Veja mais