Ao ir às compras de primeira necessidade neste mês, o consumidor deverá ficar atento para não ser pego de surpresa quando chegar no caixa. De acordo com a pesquisa do Diário, que acompanha a inflação mensal dos alimentos nos hipermercados e supermercados do Grande ABC, o valor gasto foi o maior do ano, nos dois estabelecimentos, desde que o estudo começou a ser realizado, em abril.
O levantamento é feito todo dia 15 do mês, com base nos preços de 17 produtos alimentícios, suficientes para abastecer uma família de quatro pessoas por pelo menos uma semana. No hipermercado o total desembolsado foi de R$ 107,19, não muito diferente do montante gasto no supermercado, R$ 106,95.
Isso significa que, de abril a novembro, os preços no hipermercado variaram 25,52%, o equivalente a cinco vezes mais que a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no mesmo período, que foi de 4,52%. No supermercado, os valores encareceram 13,61%, ou seja, três vezes mais.
MENSAL - Essa diferença tem uma explicação: os preços mais salgados cobrados em novembro. E a base fraca de comparação, já que em outubro os custos dos alimentos atingiram os menores valores já verificados pela equipe do Diário. O hipermercado havia cobrado R$ 90,90 pelo conjunto de 17 itens e, o supermercado, R$ 96,41. Neste mês, os gastos foram 17,92% maiores no primeiro local, encarecendo R$ 16,29, e 10,93% no segundo, deixando os produtos R$ 10,54 mais caros.
Quando analisado o IPCA mensal, a variação também destoa, já que a diferença foi de 0,82% no índice avaliado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ou seja, os preços praticados no estabelecimento de maior porte da região estão cerca de 20 vezes mais inflacionados, enquanto os do de menor porte, 13 vezes.
O recorte do índice voltado apenas aos alimentos e bebidas passou de 0,24% em setembro para 0,77% em outubro. É importante destacar que o mecanismo utilizado para o cálculo da inflação no acumulado de abril a outubro não permite destacar apenas a inflação dos alimentos neste intervalo.
O principal responsável pelo disparo no valor das compras em novembro são os hortifrúti. Conforme divulgado na semana passada, a pesquisa semanal da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) apurou que o preço da cesta básica do Grande ABC também atingiu o maior preço do ano.
“Devido à estiagem, que continua forte, e ao preço da gasolina, que subiu, os valores dos hortifrúti foram bastante impactados”, afirma o engenheiro agrônomo responsável pelo levantamento, Fábio Vezzá De Benedetto. Na opinião do especialista, a tendência é que os preços continuem neste patamar e até aumentem, já que a época do ano é propícia para o consumo maior. “Com o pagamento do 13º salário e a proximidade com o Natal, os valores não deverão recuar muito mais.”
O que mais chamou a atenção na pesquisa do Diário foi o preço do quilo da batata, que está custando R$ 4,99 no estabelecimento de maior porte. No mês passado, esse era o alimento com preço mais em conta, encontrado por R$ 1,45 no hipermercado. A diferença em 30 dias é de 244,13%. No de menor porte a diferença é inferior, de 42,97%, mas não menos expressiva, já que o valor do quilo é o mesmo. “O clima não ajudou na colheita do produto”, afirma Benedetto.
O tomate também colaborou para a alta do mês, já que o preço teve alta expressiva. No hipermercado o quilo é encontrado por R$ 7,59 e, no supermercado, por R$ 7,99, sendo o preço mais caro do alimento. A diferença mensal notada na loja de maior porte foi de 130,69%. Na de menor, 100,25%. “O preço costuma disparar no fim do ano, e deve bater o recorde deste mês”, alerta o engenheiro agrônomo.
Veículo: Diário do Grande ABC