Pesquisa divulgada ontem pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista revela que as compras para o Natal devem movimentar R$ 296 milhões no comércio do Grande ABC em 2015. O faturamento representa queda real – considerando inflação de 9,93% em 12 meses – de 20,9% em relação ao ano passado e se iguala ao patamar de 2011.
O levantamento mostra que o gasto total programado por consumidor é de R$ 378,88. No ano passado, o valor individual foi de R$ 465,70. Em 2015, portanto, os clientes da região pretendem desembolsar 18,6% menos do que em 2014. Levando em conta a inflação, a queda é ainda maior, chegando a 26%. O preço planejado por presente passou de R$ 164,50 para R$ 167,84. Apesar do aumento nominal, se considerar o acúmulo inflacionário há uma redução real de 7,2%.
O coordenador do Observatório, o economista Sandro Maskio, afirma que a diminuição nos gastos tem a ver com queda na massa salarial dos consumidores da região, provocada, principalmente, pelo desemprego. Fatores como a inflação alta e a restrição ao crédito também contribuem para reduzir o poder de compra da população.
Em relação à escolha dos presentes, a pesquisa, que é feita desde 2011, pela primeira vez mostra que os preços passaram a ser o principal fator determinante para a escolha dos presentes. No ano passado, por exemplo, as lembranças eram escolhidas, sobretudo, pelo desejo da pessoa a ser homenageada.
Em relação à forma de pagamento, o total de consumidores que pretendem usar o cartão de crédito caiu de 47,9% para 39,3%. Por outro lado, aumentou a quantidade de pessoas que manifestaram a intenção de pagar à vista. Entre os que utilizarão dinheiro em espécie, a proporção passou de 27,3% para 30,3%, enquanto o cartão de débito, que era preferido por 21,7%, passou a ser cogitado por 26,7% dos entrevistados. “Isso mostra que as pessoas estão evitando se endividar, seja por medo do futuro ou simplesmente por não ter condições de pagar, sendo, nesse caso, vítimas das elevadas taxas de juros do cartão de crédito e do cheque especial”, comenta Maskio.
O volume de gastos para o Natal deste ano deverá ser menor do que o de 2014 em quase todas as faixas de renda, com exceção dos que ganham entre 15 e 20 salários mínimos (de R$ 11,8 mil a R$ 15,7 mil) e dos que recebem menos que R$ 788. Diferentemente do que foi mostrado nas pesquisas anteriores, os consumidores que ganham mais de 20 salários mínimos diminuíram a intenção de gastos. O professor salienta, entretanto, que esse cenário não significa, necessariamente, que esse público, que até então vinha sendo menos afetado pela crise, começou a sentir os efeitos da retração econômica. “Tem muito a ver com a questão cambial. O dólar subiu muito neste ano e, como esse pessoal geralmente consome produtos importados e de maior valor agregado, a compra de itens desse tipo passou a não ser vantajosa. Por isso, retiraram da lista de prioridades”, acrescenta o economista.
Comércio de rua ganha destaque
Pela primeira vez desde 2011, quando o Observatório Econômico da Universidade Metodista iniciou a publicação da Pesquisa de Intenção de Compra, o comércio das regiões centrais superou os shoppings na preferência dos consumidores da região.
Neste ano, 41,5% dos compradores do Grande ABC pretendem procurar presentes nesses estabelecimentos de rua e 37,6% planejam comprar em empreendimentos comerciais.
No ano passado, as lojas nos centros dos municípios foram escolhidas por 24% dos entrevistados, enquanto os shoppings eram o destino preferido para 55,4% da população.
“Diante do cenário de queda na renda, as pessoas passam a procurar presentes mais simples e baratos. Nesse sentido, o comércio do centro atinge essas expectativas”, comenta o professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório.
Em relação aos municípios preferidos para as compras, Santo André lidera o ranking, com 31,2% das intenções, seguida por São Bernardo (24,2%), Diadema (14,7%), Mauá (5,8%), São Caetano (5,5%) e Ribeirão Pires (2,4%). A Capital foi escolhida por 4,8% dos entrevistados.
A maior parte dos compradores (32,1%) pretende presentear com itens de vestuário e calçados. Perfumes e cosméticos deverão ser escolhidos por 17,7% dos clientes. Em seguida estão brinquedos (8,1%) e relógios e joias (7,9%).
As mães representam 23,21% das pessoas que ganharão presentes, à frente dos filhos (16%), pais (13,5%), mulheres ou maridos (13,4%). Namorados somam só 10,6%. Entretanto, deverão ganhar as lembranças mais caras, na faixa de R$ 200.
Veículo: Jornal Diário do Grande ABC