Nos Estados Unidos, varejistas aproveitam o evento promocional para tirar produtos parados e preparar a chegada do período natalino, enquanto por aqui os descontos são mais negociados.
Mesmo com desconto médio de 30,86%, os varejistas brasileiros ainda não conseguem oferecer promoções tão atraentes quanto os americanos na Black Friday. O motivo seria a filosofia sobre os estoques, que é tratada de forma diferente nos Estados Unidos. Em entrevista ao DCI, o diretor e cofundador da empresa de tecnologia Big Data, Francisco Rodrigues, afirmou que, para o comerciante dos EUA, ter produtos estocados é um problema, enquanto para o brasileiro o estoque é considerado como um bem.
"São realidades diferentes. Eles têm outra filosofia e outra visão sobre estocagem. Para o comércio americano, ter produtos parados é ruim, e por isso aproveitam a Black Friday para realizar a limpeza desses depósitos", explica.
Em muitas ocasiões, de acordo com Rodrigues, o varejista nos Estados Unidos chega a repassar produtos ao consumidor sem margem de lucro ou até mesmo com perdas sobre as vendas.
"Eles buscam ter o estoque sempre limpo. Conhecemos casos de que um televisor com valor de US$ 1,5 mil foi vendido por US$ 300", conta.
Rodrigues fala que, de modo geral, todo varejista calcula uma margem de lucro de 100% sobre qualquer produto. No entanto, se ele fica muito tempo parado no estoque, há uma perda financeira que envolve o espaço físico, e por isso vendê-lo abaixo do valor comum pode ser uma saída. "Os norte-americanos pensam dessa forma", diz.
Black Friday à brasileira
No Brasil, as ofertas praticadas pelos varejistas foram de, em média, de 30,86%, segundo um levantamento da empresa de pagamentos PayPal, em parceria com a Big Data. O estudo leva em consideração o valor dos produtos nas prateleiras a quatro semanas antes do evento promocional.
Ainda de acordo com a pesquisa, 100% dos comerciantes de grande porte participaram da data de descontos no Brasil. Entre os pequenos e médios varejistas, a taxa foi de 74,3%. Enquanto os comércios maiores oferecem um desconto médio de 51,99%, os pequenos diminuíram 20,43% os seus preços durante a data.
"O pequeno empreendedor tem a dificuldade de ter um estoque menor e muitas vezes trabalhar com produtos de nicho, como roupas e objetos artesanais ou itens personalizados, por exemplo. A margem de lucro deles já costuma ser baixa, então afirmam não conseguir vender por valores promocionais, ainda menores", esclarece Gabriela Szprinc, responsável pela área de pequenos negócios do PayPal.
O Brasil possui cerca de 450 mil sites de e-commerce, o que representa 2,7% de todas as páginas brasileiras na internet.
Neste ano, segundo dados divulgados pela consultoria Clearsale, as vendas de produtos na Black Friday totalizaram R$ R$ 1,53 bilhão, 76% a mais que o registrado no mesmo dia em 2014 (R$ 872 milhões).
A quantidade de pedidos realizados nas 24 horas da sexta-feira de ofertas aumentou 49%. Foram 3,12 milhões de solicitações registradas.
O preço médio das compras, ainda de acordo com o PayPal e Big Data, foi de R$ 372. Quatro semanas antes do evento, o valor que o consumidor pagaria seria de R$ 486.
Cyber Monday
O estudo das companhias revelou ainda que a Cyber Monday, dia de descontos que aconteceu na segunda feira seguinte ao Black Friday, deste ano ofereceu descontos maiores que os encontrados no dia tradicional de descontos.
Em média, o valor dos produtos estavam 39,2% mais baratos em relação a quatro semanas antes da segunda-feira de descontos.
No entanto, a adesão das varejistas à data foi menor que registrada na Black Friday, apenas 63,5% dos comerciantes participaram. O preço médio da compra foi de R$ 327. Caso a mesma aquisição fosse realizada quatro semanas antes, o cliente pagaria, R$ 455.
Para o presidente da PayPal para a América Latina, Mário Melo, o motivo dos descontos maiores na segunda-feira de descontos é a agressividade dos varejistas. "A Cyber Monday é focada em produtos eletroeletrônicos, de maior valor agregado. O momento que varejo vive no Brasil reflete essa agressividade maior na hora de vender. Quem não conseguiu comercializar na Black Friday, parte mais forte para a Cyber [Monday]", considera.
Veículo: Jornal DCI