O faturamento do comércio varejista no Grande ABC deverá encerrar 2015 com queda real (descontando a inflação) de 9% na comparação com o ano passado, segundo estimativa da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Em números absolutos, isso significa que setor irá vender R$ 3 bilhões a menos do que em 2014, quando a arrecadação nas sete cidades foi de aproximadamente R$ 33,3 bilhões – resultado que já representava retração de 8,1% ante 2013. Para todo o Estado, a federação projeta diminuição de 7,2% nos ganhos.
Apenas em dezembro, a federação calcula perdas reais em torno de 14,3%, o equivalente a R$ 470 milhões abaixo do montante contabilizado no último mês de 2014. Ou seja, nem o Natal, que é a principal data para o comércio, será suficiente para evitar queda no faturamento na região.
Entre as 16 regiões do Estado que integram a pesquisa, o Grande ABC deverá ter o pior desempenho no mês, atrás apenas de Osasco, cuja queda esperada é de 15%. A média paulista de vendas, estima a entidade, será 7,2% inferior a dezembro do ano passado.
Para Vitor França, assessor econômico da FecomercioSP, o Grande ABC é mais afetado pela crise em razão da forte ligação com a indústria, setor que, até outubro, cortou 27.850 postos de trabalho, segundo o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). “O aumento do desemprego provoca a redução do poder de compra. Especialmente para os chamados bens duráveis, como carros e móveis, que exigem maior volume de crédito. Como nesse momento os bancos estão restringindo os financiamentos, as vendas diminuem.” Os únicos segmentos que deverão ter alta nos ganhos neste ano, em território paulista, são os de supermercados e farmácias – apesar de na região já terem registrado diminuição no consumo até agosto.
França acrescenta que, diante do aumento da inflação e do cenário de incertezas perante a economia e a política do País, os consumidores estão evitando se endividar.
Em 2016, o desempenho do comércio varejista deverá se manter em desaceleração. A estimativa é de que, tanto no Estado quanto no Grande ABC, o faturamento tenha queda real entre 5% e 5,5% em relação a 2015. Se as projeções da federação se confirmarem, a região terá recuo nas vendas por quatro anos seguidos, já que registrou retração em 2013 (-0,4%) e 2014 (-8,1%).
O presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Dotto, admite tendência de queda no desempenho do setor na região, mas avalia que os números não devem ser tão “catastróficos” como os apresentados pela FecomercioSP. Ele avalia que, em razão da queda na renda da população, as lojas de rua devem ter mais procura do que os shoppings.
Veículo: Jornal Diário do Grande ABC