Como será o Natal dos endividados em Santa Catarina

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O Papai Noel não deve ter muito trabalho carregando os presentes de Natal deste ano, pelo menos no Brasil. A mistura de insegurança econômica, pelo medo de perder o emprego, e o alto nível de endividamento dos catarinenses, reduziu a intenção de consumo das famílias catarinenses. A festividade promete ser de poucos e pequenos presentes. Segundo levantamento da Fecomércio-SC, o catarinense pretende gastar R$ 419,18 em média, uma queda de 1,8% na comparação com 2014, quando o valor foi de R$ 426,99.

Para se ter uma ideia, vamos tomar como base uma família imaginária, os Souza. A Adriana e o Júlio, pais do Arthur, tem juntos uma renda de R$ 3.735, a média salarial do Estado.

Todos os meses, eles têm de pagar R$ 1.210 em uma dívida do cartão de crédito. Parecia uma boa ideia não pagar a fatura toda naqueles três meses em que o Júlio ficou sem emprego. Mas agora o casal sabe que está pagando 368% em juros anuais. E a dívida de meses atrás agora está quase no dobro do valor. A conta custa mais ou menos 30% do que eles recebem todos os meses.

Somando o gasto com o aluguel do apartamento, a gasolina, as compras semanais no supermercado, sobra pouco para o presente de Natal. No ano passado, eles pretendiam gastar perto de R$ 430 com todos os presentes. Ao ver os preços nas lojas, decidiram reduzir: nas notas fiscais, o valor final fechou em R$ 378, a média de gasto do catarinense segundo a Fecomércio-SC.

O grande presente é pagar as dívidas

 – Quem está endividado dá uma grande presente para si e para a família ao quitar o que está devendo. Essa questão financeira é uma das principais causas de separação entre casais – explica o especialista em finanças pessoas Jurandir Sell Macedo.

Macedo é doutor em finanças comportamentais, consultor de Finanças Pessoais do Itaú Unibanco e um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Planejadores Financeiros. Mas lembra de uma coisa que não tem tanto a ver com sua área de estudo: o Natal tem um significado de simplicidade em sua origem, não o da distribuição de presentes.

Talvez, uma boa forma de presentear seja o esforço para reunir toda a família na data. Esses Souza da matéria não existem no mundo real. Mas, se existissem, estariam ligando agora para todos os parentes.

– Acredito que o comportamento de gastos normal, sem exageros, é o ideal para enfrentar as festas natalinas e enfrentar o primeiro semestre de 2016 com razoável tranquilidade – comenta o economista José Álvaro, do escritório de Santa Catarina do Departamento intersindical de estatística e estudos socioeconômicos (Dieese).

 



Veículo: Jornal Diário Catarinense - SC


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