Movimento fraco amplia crise no varejo têxtil

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Com queda de 15,3% no número de clientes em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2014, lojas de roupas traçam estratégias para salvar o Natal, mas retomada deve ficar só para 2017.

A queda de 15,3% na movimentação de clientes nas lojas de vestuário do Brasil em novembro, em relação ao mesmo mês de 2014, deve ampliar a crise pelo qual o setor atravessa. A retomada do mercado deve ficar para 2017, já que este é o primeiro item de compra cortado pelo consumidor.

A queda brusca, sinalizada pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), mostra que, sem perspectiva de recuperação no curto prazo, o setor encara um cenário de elevação dos preços das peças. "O varejo têxtil é relativamente sensível à piora do cenário econômico. A alta cambial também ajudou a elevar os preços dos produtos", afirmou ao DCI o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife. Ele ressaltou que o consumidor só voltará às lojas quando houver um avanço substancial da confiança do cliente nos rumos da economia brasileira.

Para o presidente da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Silva, a situação atual preocupa. A perspectiva do diretor executivo é que a reação acontecerá somente daqui a dois anos. "A gente prevê uma retomada apenas no segundo semestre de 2017, quando o cenário econômico do País poderá mostrar alguma recuperação. Antes disso, trabalhamos com as empresas em planos estratégicos para trazer o consumidor de volta às lojas", pondera.

Desafios

Mesmo com a premissa de um 2016 desafiador, a rede de vestuário infantil Tip Top, que possui 108 lojas pelo Brasil, pretende, ao menos, manter os resultados no ano que vem.

A marca deve encerrar 2015 com um faturamento 10% superior ao de 2014. "O plano é alcançar uma receita de R$ 108 milhões este ano e crescer 10% também no próximo. Acredito que isso se confirmará. O resultado será possível graças às diversas estratégias que tomamos neste ano", disse ao DCI o diretor de expansão da rede, Ricardo Marcondes.

Segundo ele, a empresa investiu no treinamento de seus colaboradores para que consigam transformar em vendas o máximo de visitas às lojas. "Estamos apostando em um programa de relacionamento chamado Tip Club que vai nos ajudar a fidelizar clientes", diz.

O executivo afirma, ainda, que não repassou a alta cambial aos produtos das lojas.

Cenário conturbado

O desempenho ruim do varejo têxtil não foi um caso isolado. Segundo o índice de movimentação do comércio da Boa Vista SCPC o setor como um todo registrou uma movimentação retraída no mês passado. Em novembro, na comparação com outubro, a queda foi de 2% no mês. Apesar de puxada pelo setor de vestuário, todas as categorias analisadas também venderam menos.

No acumulado entre janeiro e novembro deste ano, revela a Boa Vista, o recuo do varejo têxtil foi de 6,4%, sobreo visto um ano antes.

A tendência, de acordo com Edmundo, da Abvtex, durará enquanto a crise estiver rondando o País. "O posicionamento do consumidor mediante a crise nos afetou bastante, pois ele passa a focar em itens de maior necessidade", diz ele, que completa: "Sem uma efetiva melhora do cenário político e econômico, ele [cliente] vai seguir segurando gastos e menos confiante. O vestuário, nesse momento, fica em segundo plano", finaliza.

 



Veículo: Jornal DCI


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