Crise não reduz apetite do consumidor

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                               Em busca de praticidade, famílias optam por encomendar ceias completas ou pratos de Natal prontos.

Que 2015 foi um ano desafiador para a economia e finanças das empresas e famílias brasileiras não é novidade. Mas esse cenário parece não diminuir o apetite pelas comemorações de Natal: os bares, restaurantes e buffets de Belo Horizonte continuam trabalhando a todo vapor e, mesmo que o comportamento de seu cliente tenha mudado um pouco, eles não deixam de vender. Em busca de praticidade e qualidade muitos clientes encomendam ceias de Natal completas ou, ainda, pratos avulsos, aquecendo o setor de alimentação na Capital.
 
A diretora comercial do Buffet Célia Soutto Mayor, Patrícia Soutto Mayor Assumpção, admite estar surpresa com a demanda para o Natal. “Estava preocupada se o segmento ia ficar desaquecido este ano, mas a demanda está boa e estou sentindo que vamos ter retorno”, aposta.
 
Ela destaca que o ano de crise trouxe reflexos negativos: a procura por grandes festas caiu cerca de 25% este ano em relação a 2014. Por outro lado, a demanda por eventos menores está aquecida. “Eventos de até 50 ou 60 pessoas cresceram cerca de 15% este ano em relação a 2014. Além disso, também aumentaram as encomendas menores, como só uma torta, um doce, ou um jantar”, diz.
 
De acordo com a diretora, a empresa oferece tanto o buffet para festa, no caso de empresas ou grupos que pretendem fazer comemoração coletiva, quanto para a ceia de Natal na casa das famílias. No cardápio há a opção de pratos separados ou jantar completo, que pode custar entre R$ 130 a R$ 300 por pessoa. Além da comida, que inclui carnes típicas do Natal como Peru, Chester, Pernil e Bacalhau, o buffet ainda oferece bebida, todo o vasilhame, além de garçom e cozinheira.
 
Com duas unidades nos bairros São Bento e Santa Lúcia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, o Verdinho Restaurante oferece ceia de Natal há seis anos. A proprietária, Soraya Carvalho, afirma que a demanda pelo serviço é grande porque as pessoas estão cada vez mais em busca de praticidade. “Elas querem evitar muito trabalho na cozinha e encomendar no restaurante sai muito mais barato do que contratar alguém para fazer”, argumenta.
 
Ela afirma que as encomendas começaram na última semana de novembro e normalmente vão até poucos dias antes do Natal. Entre as opções oferecidas pelo restaurante estão o tradicional pernil, farofa e diferentes tipos de arroz, além de saladas, massas, tortas salgadas e sobremesas. Uma ceia completa para 10 pessoas custa em média R$ 95 por pessoa.
 
Soraya Carvalho afirma que o comportamento do consumidor está um pouco diferenciado este ano. Segundo ela, diferente do ano passado, quando vendeu muitas ceias completas, a maior parte das encomendas até agora foi de pratos avulsos, como uma carne ou uma sobremesa. “No ano passado, vendi cerca de 80 ceias completas, mas este ano até agora só recebi encomenda de duas. Acho que as famílias estão dividindo mais o que levar para a ceia e por isso encomendam mais um ou outro prato”, afirma.
 
Otimismo - O chef e proprietário do Ephigênia Bistrô, Robson Viana, está otimista e esperando um Natal cheio de encomendas. O restaurante, que fica localizado no bairro Santa Efigênia, na região Leste da Capital, oferece ceia de Natal desde o início de sua operação em resposta à demanda dos clientes. “Natal é uma data para comemorar mais em família, então nem todo mundo gosta de vir para o restaurante. As famílias preferem ficar em casa, que é mais aconchegante, e levar o restaurante para lá”, afirma.
 
Além disso, o chef destaca que a preparação de uma ceia de Natal pode gerar muito trabalho, justamente em uma época em que as pessoas estão correndo para comprar presentes e preparar a casa para a comemoração. “Encomendar a ceia é uma oportunidade também de fugir do mesmo estilo de comida: aqui no Ephigênia Bistrô oferecemos um cardápio aberto, então a pessoa pode lembrar de um prato que comeu e gostou durante o ano e encomendar para o Natal”, afirma.
 
Segundo Viana, entre os pratos que mais saíram no ano passado estão as saladas tropicais, as massas e as sobremesas. Entre as carnes a mais pedida foi a porchetta romana, que é uma receita de porco envolto no lombo. “É um prato diferente e extremamente prático, inclusive vai até fatiado”, completa. Além desse prato que é mais típico do Natal, o bistrô ainda oferece opções como o tronco natalino e a torta de chocolate com avelã ou nozes.
 
O chef explica que as encomendas começam a chegar na casa em novembro, mas que a maioria deixa mesmo para em cima da hora. Ele acredita que, apesar da crise econômica, esse será um bom ano para as encomendas de Natal. “As pessoas sempre querem comemorar, ainda mais o brasileiro que é muito alegre. De forma simples ou sofisticada, a ceia vai acontecer”, afirma. Ele afirma que no ano passado o bistrô vendeu cerca de 20 ceias e a expectativa para 2015 é superar esse número. “Estou esperando vender mais que 2014, até porque os contatos começaram mais cedo este ano”, aposta.
 
A crise também não deve a atrapalhar os negócios do chef e proprietário do Trindade Restaurante, Frederico Trindade. Ele afirma que, este ano, a procura pela ceia de Natal também começou mais cedo, o que o faz pensar que as encomendas podem superar os 25 pedidos do ano passado. O chef explica que todos os anos o restaurante oferece um prato para a ceia, sendo que o escolhido para 2015 foi o leitão à pururuca. Além da carne, o prato ainda inclui acompanhamentos: chibé, que é um cuscuz indiano, quiabo a vapor, verduras e arroz com castanhas. A ceia custa R$ 120 por pessoa.
 
Trindade explica que, diferente do ano passado, que trabalhou com cordeiro, este ano a casa optou por oferecer o leitão, que é um prato mais em conta. Como 2015 foi um ano difícil para economia, o chef entendeu que era prudente oferecer uma ceia com preço mais acessível. O chef afirma que faz questão de manter a oferta de ceia de Natal, pois, além de ser mais uma estratégia de venda, é uma forma de o restaurante participar de um momento importante para os clientes. “O dia 24 é uma data que não é interessante abrir o restaurante, então a encomenda é uma forma de manter a venda e estar na casa do cliente em uma data especial”, conclui.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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