Pequenas têm menor faturamento em 7 anos

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As micro e pequenas empresas paulistas registraram queda de 16,5% no faturamento médio real em janeiro de 2009 em comparação ao mesmo mês de 2008. O resultado é o pior registrado para o mês de janeiro dos últimos sete anos, de acordo com a pesquisa Indicadores, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo (Sebrae-SP) em parceria com a Fundação Seade.

 

Em média, as micro e pequenas empresas (MPEs) faturaram R$ 14.372 em janeiro de 2009. No primeiro mês de 2008 - o melhor janeiro registrado desde 2003 - o faturamento médio real das micro e pequenas empresas paulistas foi de R$ 17.206.

 

Entre os motivos apontados como responsáveis por essa queda brusca no faturamento das MPEs paulistas estão o impacto da crise financeira internacional na economia brasileira, a dificuldade de acesso ao crédito e a reação conservadora das empresas e dos consumidores em relação a investimentos e consumo.
"Essa queda está diretamente relacionada à redução da atividade econômica e menor liquidez no mercado, particularmente em setores cujas vendas são mais dependentes de financiamento", analisa Ricardo Tortorella, diretor superintendente do Sebrae-SP.

 

Para o dirigente da instituição, os dados mostram que, apesar dos esforços do governo, as medidas adotadas até agora não foram suficientes para minimizar os impactos da crise no sistema produtivo. "É chegada a hora dos governos federal e estadual darem respostas aos empresários na velocidade que o empreendedor precisa", enfatiza.

 

Parceria

 

Em São Paulo será anunciada brevemente a parceria entre Sebrae-SP e governo estadual, através das Secretarias de Emprego e Relações do Trabalho e Fazenda, para facilitar o acesso ao microcrédito, por meio do Banco do Povo, aos empreendedores de pequeno porte, principalmente aos que entrarem no segmento por meio da figura do Microempreendedor Individual (MEI).

 

Recentemente o governo estadual anunciou que vai destinar, em 2009, R$ 120 milhões para operações de microcrédito, via Banco do Povo, e outros R$ 1 bilhão para a agência de fomento estadual, Nossa Caixa Desenvolvimento, sendo que o aporte de R$ 200 milhões já está garantido para este ano.
"É uma das respostas que construímos [setores público e privado] para levar linhas inteligentes e sem burocracia para os empreendedores", diz Tortorella.

 

Setores

 

O setor industrial apresentou a maior retração em 12 meses: 20,7%. Os segmentos mais afetados foram os de bens de consumo duráveis e bens de capital. Comércio e serviços registraram quedas de 19,6% e 5,6%, respectivamente. Por região do estado, o recuo no faturamento foi maior nas micro e pequenas empresas do ABC: 21,1%. Já nos estabelecimentos da cidade de São Paulo a retração foi de 18,2%.

 

Segundo Marco Aurélio Bedê, economista do Sebrae-SP, os segmentos de atividade mais prejudicados foram os que dependem de crédito para financiar capital de giro e os que dependem das vendas a prazo (ou seja, os que vendem itens financiados). Como exemplo, ele cita produtos de metal, insumos industriais básicos (borracha, plástico, química, madeira, metalurgia básica), máquinas e equipamentos, aparelhos e materiais elétricos, autopeças e comércio de veículos.

 

Mês a mês

 

Na comparação de janeiro deste ano com o mês de dezembro de 2008, as micro e pequenas empresas paulistas também tiveram redução de 15,5% no faturamento médio real. "Essa queda tem um caráter sazonal, uma vez que os setores de comércio e serviços são beneficiados em dezembro pelo pagamento do 13º salário e vendas de fim de ano, enquanto o mês de janeiro costuma concentrar férias coletivas em diversas atividades econômicas", ressalta Tortorella.

 

No mesmo período, a indústria registrou a maior queda: 18,7%. Já o comércio teve uma retração de 15,4%, enquanto no setor de serviços a redução no faturamento médio real foi de 13,4%.

 

Em janeiro, a receita total das 1,3 milhão de MPEs paulistas foi de R$ 22,8 bilhões, o que significa uma redução de R$ 3,5 bilhões em relação a dezembro de 2008. Já no período de 12 meses (janeiro de 2008 a janeiro de 2009), a queda na receita foi de R$ 3,8 bilhões.

 

A pesquisa monitora mensalmente o desempenho de 2,7 mil MPEs em todo o estado, apresentando também dados para quatro regiões: capital (cidade de São Paulo), Grande ABC, Região Metropolitana de São Paulo (39 municípios) e Interior.

 

Perspectivas

 

Apesar da queda no faturamento médio real das MPEs, os empresários paulistas continuam otimistas em 2009. De acordo com a pesquisa, houve uma ligeira alta de otimismo. Quase metade dos empreendedores de pequenos negócios (47%) acredita em melhora no faturamento nos próximos seis meses. Em janeiro, essa expectativa era de 44%, o que significa um crescimento de três pontos percentuais. Em relação à economia brasileira, o otimismo entre o empresariado também subiu. Em fevereiro 44% dos empreendedores acreditavam em melhora no nível de atividade econômica nos próximos seis meses. Em janeiro, esse índice era de 42%. Para Tortorella, esse otimismo pode ser atribuído ao movimento esperado para o mês de março com o reinício da atividade em diversos setores da economia.

 

Setor e a economia

 

Iniciada em agosto de 2008 nos Estados Unidos, a crise financeira vem atingindo cada vez mais as economias em todo o mundo. Países como Reino Unido, Japão e Alemanha registraram quedas de produção e de exportação, além de aumento do desemprego.

 

No Brasil, a situação não é diferente. "A economia brasileira foi atingida principalmente pela escassez de crédito", ressalta o diretor superintendente do Sebrae-SP. Para 2009, espera-se uma desaceleração na atividade econômica e o Produto Interno Bruto (PIB) tende a crescer em um ritmo menor do que em anos anteriores, mas deve manter uma variação positiva.

 

Para Tortorella, o crescimento do PIB - mesmo que tímido - será puxado pelo mercado interno, se houver um controle da inflação e a manutenção do poder aquisitivo da população.

 

Veículo: DCI


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