Os preços do café despencaram nas bolsas de futuros na semana passada, perdendo suportes que vinham sendo conquistados. No Brasil, o mercado encontrou melhor sustentação no físico, diante da resistência dos vendedores, embora também aqui as cotações tenham cedido. O feriado de Carnaval naturalmente deixou a comercialização travada internamente, ainda mais com Nova York tendo fortes perdas para o arábica, assim como Londres no robusta.
Segundo o analista de Safras & Mercado Gil Barabach, a bolsa de Nova Yorque para o arábica rendeu-se aos sinais de fraqueza técnica. “Isso frustrou as esperanças de alta dos vendedores. O fato é que o café se ressente de apoio fundamental. E, sem isso, é difícil segurar uma trajetória de alta de forma mais consistente ou alterar a tendência de longo prazo do movimento de preço”, comenta, em relatório semanal divulgado pela empresa de consultoria em agronegócio.
Ainda há o cenário macroeconômico preocupante. De acordo com Barabach, o café segue muito vulnerável a questões financeiras, especificamente à flutuação do dólar no mundo. O “efeito China” e as dúvidas em torno dos juros nos EUA trazem insegurança e volatilidade ao mercado financeiro, que, por extensão, mexe com o preço da bebida nas bolsas mundiais. Sem uma grande novidade sobre os fundamentos de mercado, o café tende a seguir refém desse ciclo financeiro no curto prazo, observa.
Fluxo externo - “No lado fundamental, o bom fluxo externo vem garantindo o abastecimento nesse período de inverno no hemisfério Norte. O volume recorde exportado pelo Brasil em 2015 ajuda a trazer comodidade ao abastecimento. E mesmo com o fluxo arrefecendo do lado do Brasil agora em janeiro, não há receio entre os compradores. É que, a menor disponibilidade brasileira deve ser compensada por compras em outras origens. As indústrias mundiais bem compradas de origem Brasil agora concentram seu fluxo mais pesado na Colômbia e Vietnã, que estão mais agressivos no mercado”, analisa Barabach.
Para completar, espera-se uma boa safra brasileira este ano, com as chuvas continuando a ajudar a granação. Isso naturalmente pesa sobre as cotações das bolsas. No mercado físico brasileiro, as cotações permaneceram mais equilibradas, com o feriado tornando a atividade mais lenta e com os agentes sempre atentos ao dólar. No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa caiu de R$ 515,00 a saca no dia 5 para R$ 505,00 no dia 11. Já o conilon tipo 7, em Vitória (ES), recuou de R$ 395,00 para R$ 393,00.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG