Os estoques baixos e o clima adverso estão contribuindo para que os preços pagos aos produtores de feijão fiquem em patamares rentáveis em Minas Gerais. Ao longo do primeiro bimestre, mesmo com uma expectativa de colher uma safra 20,8% maior, a saca de 60 quilos apresentou alta de 30% nos preços em relação ao valor praticado em igual período de 2015, alcançando R$ 201,53. A perda da produtividade em importantes municípios produtores é um dos fatores que limitam a oferta e sustentam as altas de preços.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção esperada de feijão primeira safra em Minas Gerais é de 198,6 mil toneladas, alta de 20,8% frente à safra anterior. Porém, conforme o avanço da colheita, estão sendo registradas perdas significativas e a tendência é que os volumes sejam revisados para baixo.
Segundo o diretor de agricultura do Sindicato Rural de Unaí, na região Noroeste do Estado, e presidente da Cooperativa Agrícola de Unaí (Coagril), José Carlos Ferigolo, além do clima, a concorrência com outras culturas e o encarecimento dos custos contribuíram para uma produção menor.
“Nos últimos anos, o plantio de feijão na região de Unaí vem caindo e a tendência é que os investimentos nas próximas safras sejam limitados. Nesta primeira safra do grão, tivemos problemas com a seca no período de implantação da cultura e depois, em janeiro, com o excesso de chuvas. Com isso, estamos registrando queda de até 60% na produtividade”.
Ainda segundo Ferigolo, somente em Unaí a área de cultivo do feijão primeira safra foi reduzida em 50%, em função da migração dos produtores para outras culturas mais rentáveis e com maior liquidez, como a soja e o milho. A área destinada na primeira safra foi de 11 mil hectares. Outros fatores como os custos elevados de manutenção dos campos e o controle oneroso da mosca branca desestimularam os investimentos.
“A produção de feijão foi severamente afetada pelas condições climáticas e a oferta do grão é pequena. Já estamos encerrando a colheita e praticamente toda a safra foi negociada, restando em torno de 20% apenas. Mesmo com os preços lucrativos, a tendência é de não plantar a segunda safra de feijão, pela incidência de mosca branca e que não ocorra expansão da área de cultivo na terceira safra, que é irrigada. Os produtores devem priorizar o plantio de milho ou de sementes do cereal”.
Os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) mostram que Unaí é o principal município produtor de feijão, com colheita estimada em 23,1 mil toneladas na primeira safra, respondendo por 40% da oferta de feijão primeira safra.
O segundo maior produtor é Bonfinópolis de Minas, na região Noroeste do Estado, onde também foram registradas perdas. A produção é estimada em 12,1 mil toneladas na primeira safra. De acordo com o encarregado de produção da Fazenda São Paulo, uma das principais produtoras do município, José Wilson Braga, a seca registrada no período de brotação do feijão prejudicou a safra e a produtividade caiu 18,4%.
“O clima no início do período produtivo prejudicou a produção e uma das consequências que estamos registrando é o menor rendimento da safra. Esperávamos colher cerca de 45 sacas de 60 quilos por hectares, mas estamos alcançando em torno de 38 sacas por hectare”.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG